quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Para refletir



É papel da escola formar cidadãos, dar ao alunos os ensinamentos de que eles necessitam para viver e trabalhar neste mundo de evolução, bem como orientá-los para a vida. Isso só acontece, se a escola definir como meta, o trabalho crítico com os conteúdos a ser estudados pelos educandos. Através de um trabalho crítico e da busca pelo exercício da cidadania, a escola deve mostrar às novas gerações a importância de cada indivíduo e seu papel na sociedade, enquanto cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. É preciso que a escola compreenda que também é seu papel, dar ao aluno condições para se inserir no meio social. É preciso atentar para a evolução do mundo e orientar o estudante para a vida.
            O professor, por sua vez, deve considerar no exercício de sua função o aluno como sujeito de múltiplas relações, que por estar em processo de formação, deve ser considerado em sua totalidade. Assim, deve assegurar ao educando uma formação crítica, capaz de levá-lo a refletir sobre temáticas cotidianas e interferir positivamente em seu meio e, sobretudo, em sua vida para transformá-la.
            As informações nos chegam, hoje, rapidamente e o que antes demorava uma década para mudar, nos dias atuais ocorre da noite para o dia.
            Dessa forma e diante da quantidade de informações e da facilidade de acesso a estas, deve o professor conduzir o aluno de forma que possa o aprendizado ser mútuo e repleto de paixão. O professor deve "traduzir" os ensinamentos de forma que o aluno se sinta dentro de uma inesquecível "viagem" e dessa forma possa assegurar a produtividade do ensinamento, sempre utilizando-se da criticidade no ensino e aprendizagem dos conteúdos
            Os docentes devem se preocupar, também, com a arte do ensinar. Não basta ser um bom pesquisador, necessário se faz que seja, também, um bom transmissor de conhecimentos e formador de opinião.
 2.     CONSTRUINDO UMA CIDADANIA CONSCIENTE ATRAVÉS DA CRITICIDADE
2.1  Escola e cidadania
              O papel da escola passa a ser mais significativo ainda, uma vez que lida com um saber que muitas vezes precisa ser repensado, reavaliado e reestruturado. Infelizmente, nem sempre ou quase sempre a escola "não tem cumprido o objetivo da educação que desejamos, de cunho democrático, socializando o saber e os meios para aprendê-lo e transformá-lo" (RIOS, 1995, p.32).
             É necessário, pois, a implantação de uma escola cidadã, onde os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade, capaz de assegurar o conhecimento historicamente acumulado, sem preconceitos, sem discriminação, discutindo sua autonomia e educando para que o aluno seja capaz de encontrar resposta do que pergunta (GADOTTI, 1995).
              A esse respeito, Libâneo (1998), afirma que a escola com a qual sonhamos deve assegurar a todos a formação que ajude o aluno a transformar-se em um sujeito pensante, capaz de utilizar seu potencial de pensamento na construção e reconstrução de conceitos, habilidades e valores.
              Para tanto, torna-se necessário ao professor, o conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências de pensar, além da abertura, em suas aulas, para a reflexão dos problemas sociais, possibilitando aulas mais democráticas, através de um saber emancipador. Pois, apropriar-se criticamente da realidade significa contextualizar um determinado tema de estudo, compreendendo suas ligações com a prática vivenciada pela humanidade (LIBÂNEO, 1998, p. 42).
              Na escola, os alunos devem entender-se cidadãos ativos no processo ensino-aprendizagem, socializando conhecimentos e construindo um posicionamento crítico frente a qualquer assunto em estudo, quer seja ou não por eles vivenciados.
              Sabemos que a escola não é a "mola mestra de transformações sociais", mas entendemos o seu potencial na luta por uma sociedade mais justa e humana., levantando a bandeira da igualdade, do companheirismo e do bem-estar para todos, resultando em uma educação consciente, cidadã e emancipatória.
              A escola que forma para a cidadania deve contemplar alguns elementos básicos como criticidade e autonomia, inserindo-os em conteúdos escolares considerados relevantes para a formação do cidadão participativo e atuante em seu meio.
              A instituição escolar ao dar importância aos conteúdos revela um compromisso em garantir o acesso aos saberes historicamente acumulados, pois tais saberes influenciam o desenvolvimento, a socialização, o exercício democrático da cidadania e a atuação no sentido de refutar ou reformular os conhecimentos e as imposições de crenças e valores. Os conteúdos escolares que são ensinados devem, portanto, estar em harmonia com as questões sociais que marcam cada momento histórico.
             Sobre isso nos diz o autor:
 A escola precisa oferecer serviços de qualidade e um produto de qualidade, de modo que os alunos que passam por ela ganhem melhores e mais efetivas condições do exercício da liberdade política e intelectual (LIBÂNEO, 1998, p. 10).
              Por isso, a escola deve ser um espaço de formação e informação, onde a aprendizagem de conteúdos propicie a inserção do aluno no contexto das questões sociais marcantes e em um universo cultural maior.
             A escola na perspectiva de construção de cidadania precisa valorizar a cultura de sua própria comunidade e buscar ultrapassar seus limites, favorecendo aos alunos pertencentes aos diferentes grupos sociais, o acesso ao saber, tanto no que diz refere aos conhecimentos relevantes da cultura brasileira, como no que faz parte do patrimônio universal da humanidade.
             Um ensino de qualidade que intenciona a formação de cidadãos capazes de interferir criticamente na realidade para transformá-la deve, também, contemplar o desenvolvimento de capacidades que possibilitem adaptações às complexas condições e alternativas de trabalho que temos hoje e a lidar com a rapidez na produção e circulação de novos conhecimentos e informações que têm sido crescentes.
             A formação escolar deve possibilitar aos alunos condições para o desenvolvimento de competências e consciência profissional, mas não restringir-se ao ensino de habilidades imediatamente demandadas pelo mercado de trabalho.
 3.     SALA DE AULA: ESPAÇO PROPÍCIO À CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
 3.1  Relação: professor X aluno X conhecimento
            É na sala de aula que professores e alunos têm a oportunidade de trocar conhecimentos, de construir uma aprendizagem sólida e coletiva, ultrapassando os conteúdos e, como diz Morais (1998), denunciando a realidade como se apresenta, podendo ser encarada como um dos espaços de resistência.
             Mas, para isso, o professor deve ter clareza de sua missão de educador, de agente facilitador do ensino-aprendizagem e de profissional responsável pelo sucesso de seus alunos fora da escola. É claro que o professor, por si só, não é capaz de transformar a realidade que ultrapassa a escola e tem suas origens no econômico e sociopolítico, mas sua competência com profissional da educação é, com certeza, um dos fatores de grande peso quando pensamos na melhoria da qualidade do ensino (MOISÉS, 1999).
             Ainda segundo Moisés (1999), competente é o professor que não mede esforços na formação de um aluno cidadão, crítico e informado, capaz de compreender e atuar na sua realidade.
             Assim sendo, cabe-nos refletir, enquanto professores que somos, sobre a nossa competência diante dos nossos alunos e exercer, com responsabilidade, o compromisso que assumimos frente a sociedade, mesmo vivenciando os fatores que comprometem a qualidade do ensino, como: más condições físicas das escolas, baixo nível de aprendizagem dos alunos, altos índices de reprovação, entre outros.
             Ao professor compete além dos ensinamentos dos conteúdos, usar de sua criatividade para tornar seus alunos capazes de refletir criticamente sobre temáticas de discussão nacional e internacional, relacionando-as com problemas vivenciados pelos mesmos, advindos de tais temáticas, fruto da própria atuação do homem no mundo. Mas para que isso aconteça, é preciso recorrer à criatividade, pois, segundo Feracine (1990, p. 62), "não educa para a criatividade quem não aprende a ser criativo".
             Um instrumento capaz de ajudar o professor na transmissão e aprendizagem dos conteúdos estudados, democraticamente, é o tratamento interdisciplinar que o mesmo pode dar à sua prática, já que "as disciplinas, hoje em dia, são vistas como fios entrelaçados do mesmo tecido" (CURRIE, 1998, p. 11), superando a fragmentação, a compartimentalização de conhecimentos.
             Neste caso, o professor necessita compreender a prática da interdisciplinaridade em três sentidos: como atitude, como forma de organização administrativa e pedagógica da escola e como prática curricular.
             A atitude interdisciplinar requer uma mudança no pensamento e na prática do professor, visto que os alunos não conseguirão pensar de forma interdisciplinar se o professor oferecer um saber fragmentado e descontextualizado (LIBÂNEO, 1998).
             A organização escolar interdisciplinar efetiva a atitude interdisciplinar, expressando-se na elaboração coletiva de projetos pedagógicos. Começa com a integração dos professores, garantindo a unidade do trabalho educativo negociado.
             Como prática interdisciplinar, são várias as formas de viabilização: reunir disciplinas cujos conteúdos permitem o mesmo tratamento pedagógico-didático interdisciplinar; formular temas geradores para compreensão da realidade; orientar o estudo de um assunto para abordá-lo em todos os seus aspectos e fazer a ligação com os problemas sociais e cotidianos.
             Um outro aspecto que torna o professor capaz de formar para o exercício de uma cidadania consciente é a humildade que o mesmo deve ter em reconhecer que não detém o conhecimento de forma absoluta, principalmente porque o conhecimento tem se tornado mais dinâmico e que o seu aluno, assim como qualquer outro indivíduo, não é ignorante ao ponto de nada saber. Agindo dessa forma, o professor reconhece o potencial de seu aluno e o respeita como pessoa.
             O importante na sala de aula é trabalhar a cidadania na prática, para que os alunos compreendam que cada um, independentemente de classe social, crença religiosa, raça ou cor, tem o seu lugar garantido na sociedade e que de sua atuação transformadora, resultará uma sociedade mais justa e igualitária.
             O ambiente da sala de aula é o lugar adequado para que professores e alunos construam uma visão crítica de mundo, através de questões simples, mas intencionadas a uma crítica constante, capaz de reconhecer no homem crítico, o caminho para a reconstrução de um mundo novo.
             E tudo isso é possível. Basta que o educador seja um leitor, escritor, pesquisador que faz ciência da educação.
             Parafraseando Paulo Freire (1992), eu diria que, apesar de não ser suficiente, a esperança crítica é necessária na construção de uma educação de qualidade, mesmo em um País onde impera o Capitalismo, regime econômico que coloca a plebe brasileira em situação de miséria; onde uma minoria detém os mecanismos essenciais de vida e, consequentemente, os meios de produção; onde falar em exercício de cidadania parece ser ilusório. Mas como cidadãos conscientes do nosso papel, não só devemos falar em cidadania, como também necessitamos, em nossas aulas, com os nossos alunos, praticá-la de maneira democrática e lutar, com eles, por esta conquista diante dessa falsa democracia que, como diz Biz (1992) "é excludente não só econômica e socialmente, mas também politicamente, impedindo a participação política de grande maioria da população e, consequentemente, a plenitude da cidadania".
             A questão primordial da escola hoje refere-se à sua qualidade. E a qualidade está diretamente relacionada com os pequenos projetos pedagógicos das próprias escolas que têm demonstrado muito mais eficiência na conquista dessa qualidade do que os grandes projetos, fora do contexto social dos alunos.
             Durante muito tempo foi dado ênfase ao conhecimento, pensando-se que, assim, a escola passaria a ter a qualidade tão desejada, comprometendo a aprendizagem que ficou subordinada ao ensino. Hoje, sabe-se que é necessário ressignificar a unidade ensino-aprendizagem, uma vez que sem aprendizagem o ensino não se realiza. Para tanto, é necessário que novos projetos pedagógicos sejam realizados, envolvendo todos que participam direta ou indiretamente da ação educativa, com objetivos claros e definidos, colocando-os em prática e avaliando-os continuamente, entendendo que, "tal aprendizagem só irá ocorrer se quem ensina souber conduzir o processo na direção desejada, o que implica reconstrução do saber" (MOISÉS, 1994, p. 25).
             A escola deve existir para todos e, em primeiro lugar, como formação e ensino funcionais e fundamentais. E um cidadão crítico, participativo, dinâmico e inovador é fruto de uma educação democrática e cidadã que busca no respeito mútuo, no diálogo, na construção do saber, o caminho para uma cidadania consciente.
4.     CONCLUSÃO
             A escola enquanto instituição detentora do saber precisa compreender sua importância na formação de um sujeito que atua em uma sociedade e deve contribuir positivamente para que esse saber seja trabalhado de forma democrática, independentemente de qual grupo social ele pertença.
             O conhecimento é quem assegura, ao indivíduo, o respeito a sua maneira de pensar e agir, haja vista ser, no momento, o que consideramos de maior importância na elevação social, no atual momento de grandes e significativas mudanças globais. Não um conhecimento compartilhado, mas um saber amplo, duradouro, crítico e emancipatório. E isso só é possível, se a escola abrir as portas para uma educação cidadã, que respeite as experiências vividas por seus alunos.
             É preciso repensar o papel da escola e do professor na construção do saber crítico do aluno. Somente através de uma educação que valorize o saber crítico é que teremos mais cidadãos preparados para a vida, para enfrentar os desafios que são impostos cotidianamente por uma sociedade globalizada e excludente.
             Escolas e professores, não podem "fechar os olhos" para a exclusão social que tanto tem contribuído para as mazelas sociais. O papel de ambos, escola e professor, pode contribuir significativamente para que tenhamos uma sociedade mais justa, um mundo mais humano e uma vida mais feliz.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Análise textual - 6º ano fundamental

Gramática com textos: 6º ano - subjuntivo e imperativo

Esta é a quarta de uma série de 16 sequências didáticas que fazem parte de um programa de estudo de gramática para 6º a 9º ano do Ensino Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da série.
Objetivos
Ampliar o conhecimento sobre os verbos; refletir sobre os modos verbais: subjuntivo e imperativo.

Conteúdos Modos verbais - subjuntivo e imperativo

Tempo estimado Oito aulas

Ano
6º ano

Desenvolvimento

1ª etapa
Coloque no quadro a advertência presente em publicidades de bebidas alcoólicas: SE BEBER, NÃO DIRIJA.
Aponte a existência dos dois verbos que indicam duas ações - beber e dirigir - e pergunte aos alunos qual a relação que o texto estabelece entre eles. Peça que a turma pense sobre o significado da advertência e anote a conclusão a que chegar no caderno. Ouça as respostas e faça a sua interferência. Reforce o caráter de incerteza presente em "se beber", apontando para uma possível ação futura no trecho, e o caráter de ordem presente no trecho final - não dirija - associado à condição inicial. Mostre à classe o papel representado pelo "se": ele estabelece a ligação entre os dois verbos, sugerindo a ideia de condição.

Discuta a razão do caráter sintético da advertência: ele visa causar impacto. Diga aos alunos que os verbos beber e dirigir, no texto, pertencem, respectivamente, ao subjuntivo e ao imperativo. O primeiro sugere uma possibilidade, um evento que pode ou não se realizar. O segundo indica uma ordem. Na advertência, se o primeiro evento se realizar, ordena-se a não realização da segunda ação.

Pergunte à classe em que gêneros textuais o modo imperativo aparece com frequência. Leve para a sala textos de diferentes gêneros como notícias, editoriais, horóscopo, boletim meteorológico, publicidade, receitas, regras de jogo e vá analisando com eles a possível ocorrência desse modo verbal em cada gênero. Solicite que os alunos escolham um desses gêneros e produzam um texto, usando verbos no imperativo.

2ª etapa

Inicie o trabalho com a correção da tarefa proposta na aula anterior.

Em seguida, leia o poema de José Paulo Paes.
Se essa rua fosse minha,
eu mandava ladrilhar,
não para automóvel matar gente,
mas para criança brincar.

Se esta mata fosse minha,
eu não deixava derrubar.
Se cortarem todas as árvores,
Onde é que os pássaros vão morar?

Se este rio fosse meu,
eu não deixava poluir.
Joguem esgotos noutra parte,
que os peixes moram aqui.

Se este mundo fosse meu,
eu fazia tantas mudanças
que ele seria um paraíso
de bichos, plantas e crianças.

PAES, José Paulo. Poemas Para Brincar. São Paulo: Ática, 2002.
Após a leitura, pergunte aos alunos se já conheciam o poema e se possuem alguma dúvida em relação ao seu conteúdo. Como é provável que façam alusão à cantiga popular, não perca a oportunidade de dizer a eles que as produções dos homens não nascem do nada, mas elas dialogam entre si. Nesse caso, fica evidente que o poeta buscou inspiração na cantiga popular, de autoria anônima. Peça que os alunos identificam, no poema de Paes, construções no modo subjuntivo e no modo imperativo. Lembre a eles que o subjuntivo vincula-se, de modo geral, a incertezas, possibilidades, hipóteses; e o imperativo liga-se a ordens, comandos, exortações, súplicas.

Dê um tempo para que possam pensar, discutir em dupla e anotar os trechos no caderno. Inicie a releitura do poema. Peça que uma dupla leia uma estrofe e a analise. Mostre que a hipótese proposta pelo primeiro versa de cada estrofe (se essa rua fosse minha; se essa mata fosse minha, se esse rio fosse meu, se esse mundo fosse meu) completa-se na afirmação subsequente (eu mandava ladrilhar, eu não deixava derrubar, eu não deixava poluir, eu fazia tantas mudanças). A repetição dessas construções nos versos iniciais de cada estrofe cria um paralelismo, característica importante na construção poética.

Não deixe de assinalar os versos Se cortarem todas as árvores, /Onde é que os pássaros vão morar? Neles, novamente, a ideia proposta pelo subjuntivo associa-se a outra. Embora as construções no passado predominem no poema, os dois versos remetem ao futuro.

Para finalizar a aula, assinale que, na advertência e no poema de Paes, sugere-se a ideia de condição por meio da partícula "se". Pergunte, então, aos alunos se o tempo dos verbos modo subjuntivo nesses dois textos é o mesmo. Dê um tempo para que respondam a questão. Em Se beber não dirija, há a dimensão do futuro, a ação não ocorreu, mas pode acontecer a qualquer momento. No poema de Paes, os dois primeiros versos de cada estrofe indicam uma suposição anterior ao momento da enunciação. No poema, estão também no passado os verbos associados ao Subjuntivo - mandava, deixava, fazia.

Veja se conseguiram identificar o uso do imperativo em Joguem esgotos noutra parte. Chame a atenção da classe para a mudança na pessoa - dirija (singular) e joguem (plural).

3ª etapa
Para essa aula, peça que os alunos tragam para a classe a gramática usada pelo grupo. Caso julgue necessário, escolha também trechos de outras gramáticas sobre os modos estudados nesse bloco de aulas. Leia com eles as abordagens relativas aos modos subjuntivo e imperativo. Faça uma síntese das caracterizações realizadas: anote-a no quadro e peça que os alunos a copiem. Consultem também os tempos simples do subjuntivo - presente, pretérito imperfeito e futuro.

Anote essa divisão e escolha um verbo de cada conjugação para que copiem as 1a, 2a. e 3a. pessoas do singular e as 1ª, 2ª e 3ª pessoas do plural no caderno nos três tempos simples do subjuntivo. É importante também a observação da constituição dos imperativos afirmativo e negativo. Utilize os verbos já escolhidos para mostrar o paradigma do modo subjuntivo e realize um esquema da constituição do imperativo. Mostre aos alunos que, no imperativo afirmativo, o tu e o vós são formados a partir do tu e do vós do presente do indicativo sem o s final. As demais pessoas são formadas a partir do presente do subjuntivo. No caso do imperativo negativo, a conjugação de todas as pessoas é a mesma do presente do subjuntivo.
4ª etapa
Inicie a aula apresentando aos alunos a crônica Meu ideal seria escrever, de Rubem Braga. Leia o texto para os alunos.
Meu ideal seria escrever...

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse - "ai, meu Deus, que história mais engraçada!" E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria - "mas essa história é mesmo muito engraçada!".

Que um casal que estivesse em casa mal humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má-vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse - e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse - "por favor, se comportem, que diabo! eu não gosto de prender ninguém!" E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês em Chicago - mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: "Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina".

E quando todos me perguntassem - "mas de onde é que você tirou essa história?" - eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma história..."!

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

BRAGA, Rubem. As Melhores 200 Crônicas Escolhidas de Rubem Braga. Rio de Janeiro: Record, 1977.
Após a leitura do texto, verifique se o compreenderam e se possuem alguma questão sobre ele. Peça que os alunos sublinhem no texto o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo. Releia os trechos em que esse uso ocorre. Diga aos alunos que, como no caso do poema de José Paulo Paes, o uso do subjuntivo na crônica é acompanhado de outra forma verbal, o futuro do pretérito do modo indicativo.

Explique a eles que essa correlação - pretérito imperfeito do subjuntivo com o futuro do pretérito do indicativo - é tida pelas gramáticas mais tradicionais como a correta. Muitas gramáticas não aceitam a combinação realizada no poema de Paes - pretérito imperfeito do subjuntivo e pretérito imperfeito do indicativo -, embora na fala do brasileiro ela seja usada com frequência.

Proponha aos alunos duas atividades.

1) A reescrita do primeiro e do terceiro parágrafos da crônica de Rubem Braga, alterando o futuro do pretérito do indicativo pelo presente do mesmo modo e o imperfeito do subjuntivo pelo presente do subjuntivo. Inicie a construção e peça que a continuem.
Exemplo
Texto original Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse...
Texto alterado Meu ideal é escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta ao ler minha história no jornal ria, ria tanto que chegue a chorar e diga ...
2) Após a reescrita desses dois parágrafos, os alunos devem escrever um terceiro parágrafo em que deem continuidade à crônica, expondo qual é o seu ideal. O parágrafo pode começar assim:
Meu ideal é escrever uma história que ...

Os alunos podem começar as atividades em classe e terminá-las em casa.
Sugestão na íntegra(Revista nova escola)

Rodas de leitura, conversando sobre o livro.




As rodas de biblioteca devem ser realizadas como uma atividade planejada e permanente de leitura na escola (semanal ou quinzenal), em que se converse sobre as leituras que as crianças realizaram em casa (com o empréstimo de livros) e abra-se um espaço para que elas indiquem o livro que leram para alguns colegas, levando em conta características da obra e as preferências leitoras dos amigos.

Essa atividade, ao ser inserida no cotidiano da classe, traz em si o potencial de ajudar a construir uma comunidade de leitores e escritores na escola, em que as crianças tenham múltiplas oportunidades de explorar novos livros, escolher suas leituras, apreciar os efeitos que cada uma delas lhes traz, falar sobre essas sensações, recomendar leituras e analisar as recomendações recebidas dos colegas a fim de seguir aquelas que parecem mais interessantes, desenvolvendo, ao longo do processo, gostos e preferências por obras, gêneros e autores.

Objetivos
- Ampliar o repertório literário;
- Interagir com o livro de maneira prazerosa, reconhecendo-o como fonte de múltiplas informações e entretenimento;
- Compartilhar experiências leitoras;
- Confrontar interpretações;
- Estabelecer relações com outros textos;
- Ampliar os conhecimentos acerca de um determinado autor, utilizando-os como critério de seleção na escolha dos livros a serem retirados/recomendados e enriquecendo as possibilidades de antecipações e interpretações;
- Ampliar os conhecimentos acerca de determinado gênero, utilizando-os como um critério de seleção/indicação na escolha dos livros a serem retirados/recomendados e enriquecendo as possibilidades de antecipações e interpretações;
- Conhecer diferentes ilustradores e ilustrações, compartilhando o efeito que uma ilustração produz, confrontando interpretações e considerando tais conhecimentos na seleção/indicação de livros;
- Conhecer diferentes coleções, ampliando os conhecimentos acerca das características desse tipo de publicação e utilizando-os como um critério de seleção na escolha dos livros a serem retirados ou em sua indicação.
Flexibilização para deficiência intelectual
Se o aluno não for alfabetizado, estimule sua observação sobre as ilustrações dos livros. Há vários livros infantis com muita riqueza de imagens. Assim, a leitura visual deve ser encarada como outra maneira de interpretar a história.
Conteúdos
- Valorização da leitura como uma fonte de prazer e entretenimento.
- Interesse por compartilhar opiniões, ideias e preferências acerca dos livros lidos.
- Desenvolvimento de estratégias de argumentação para defender ideias e pontos de vista sobre os livros lidos.
- Desenvolvimento de critérios de escolha e de indicação de livros.

Atividade permanente ao longo do ano ou do semestre, com frequência quinzenal ou semanal.
Material necessário
Livros de literatura infanto-juvenil constantes do acervo da Escola.
Flexibilização para deficiência intelectual
Providencie alguns exemplares em áudio e/ou em braile.

Desenvolvimento
1ª etapa
Organize as rodas de leitura e aproveite as perguntas abaixo, retiradas do livro Dime, de Aidan Chambers, a o professor criar um movimento de troca de ideias, considerações e indicações entre os pequenos, usando, quando necessário, uma pergunta ou outra com cada criança na roda. Com o tempo, as crianças vão construindo uma autonomia cada vez maior para compartilhar essas impressões sobre as leituras realizadas e, com isso, assumindo um protagonismo cada vez maior na troca.
Flexibilização para deficiência intelectual
Marque a atividade com um símbolo no quadro de rotina e leve o aluno até ele um pouco antes do início, antecipe o comportamento esperado dele e estimule sua participação no preparo da sala para o momento da leitura. Faça perguntas direcionadas a esse aluno condizentes com suas competências de leitor. Valorize a leitura das imagens.

- Houve alguma coisa de que vocês gostaram nesse livro?
- O que chamou especialmente a atenção?
- Você gostaria que algo tivesse acontecido de forma diferente?
- Houve alguma coisa de que você não gostou?
- Houve uma parte que você achou cansativa?
- Você pulou alguma parte? Qual?
- Se você parou de ler, em que parte isso aconteceu?
- Houve alguma coisa que causou espanto?
- Houve algo que você achou maravilhoso?
- Encontrou alguma coisa que você nunca havia visto em um livro?
- Você se surpreendeu com alguma coisa?
- Alguma coisa não combinava ou não ficou bem explicada?
- A primeira vez que você viu esse livro, antes de ler, como pensava que ele seria?
- O que o fez esperar isso?
- Depois de ler, foi o que você esperava?
- Você já leu livros como este?
- Você já leu esse livro antes? (Se sim) Foi diferente dessa vez?
- O que você diria a seus amigos sobre esse livro?
- Há quanto tempo vocês acham que aconteceu essa história?
- Sobre quem é essa história?
- Que personagem você achou mais interessante?
- Em que lugar se passa a história?

Ao final da roda, organize com a turma novos empréstimos de livros e combine a data da próxima roda. 
Flexibilização para deficiência intelectual
Veja se a escolha de livros que o aluno está fazendo é adequada e o auxilie quando for necessário.

Avaliação
Observe se os alunos:
- Demonstram interesse em selecionar livros para levar e ler em casa.
- Compartilham impressões, opiniões e passagens preferidas sobre os livros e as situações de leitura em casa.
- Recomendam a leitura do livro que leram levando em conta suas características e  os gostos da pessoa  para quem a recomendação é feita.
- Estabelecem relações entre a história lida em casa e outras conhecidas.
- Ampliaram seus critérios de escolha.
Flexibilização para deficiência intelectual
Além disso, o acompanhamento dos avanços das crianças deve orientar o planejamento de intervenções individualizadas, quando necessário. Para alunos de inclusão, isso é ainda mais fundamental. A ideia é sempre criar condições e demandas para que todos tenham a oportunidade e o espaço de participar das conversas sobre a leitura. Assim, eles terão melhores critérios para selecionar títulos para o empréstimo, avançando em seus comportamentos leitores.



I – TEXTO.
O PENTEADO – MACHADO DE ASSIS
      E Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhando. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse.
    -Senta aqui, é melhor.
     Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tato aqueles fios grossos, que eram parte dela.
     O trabalho era atrapalhado, às vezes por descuido, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes.
     Se isto vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa... Uma ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando dos seus olhos de ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei Tétis, risquemos ninfa, digamos somente uma criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e pagãs.
     Enfim acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as pontas? Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
    -Pronto!
    -Estará bom?
    -Veja no espelho.
     Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
    -Levanta, Capitu!
     Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
     Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso, atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas...

(Dom Casmurro, capítulo XXXIII)
II – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.

1) Transcreva uma frase do texto que comprove que as personagens são adolescentes.

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2) O que quer dizer a expressão ´´ devagar, devagarinho``? ___________________________

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