segunda-feira, 25 de março de 2013

GRAMÁTICO APAIXONADO

Enrolo a língua e fico à míngua
Não faço uma frase.
Quero de fato fazer desse hiato
De novo uma crase.
Meus versos são feitos em forma de oração
Sem subordinação.
Eu sou sujeito e você minha predicação.

Não leve a mal se eu sou radical nessa minha ideia.
Se você vai embora
O orvalho que chora
É uma prosopopeia.
Não meta fora a mim desse nosso assunto
Nós somos conjunto.
Eu quero ser o seu núcleo
E não adjunto.

De qualquer jeito
Eu quero um tempo perfeito de concordância
Com você a dizer:
"Vem cá, meu amor, que hoje é imperativo
Se concretizar esse substantivo
Artigo que me definiu,
Sem você eu não vivo"
                                                                              
Estou com a Norma
Mas isto não é forma de viver feliz.
A Norma é culta
Mas vê se me escuta
Estou por um triz.
Se você fizer questão
Eu lhe peço clemência
Com a máxima urgência.
Dentro do meu coração
Você faz a regência.

Fonte: CD "Pare, Olhe, Escute", do grupo Passagem de Nível (independente, 2008)
André Conforte e Walace Cestari
 

LOUCOS SOIS, ADVERBIAIS



Se ter um prazo a cumprir torna qualquer tarefa escrita árdua pelo peso de seu compromisso, um problema maior do que este está justamente em não saber exatamente sobre o que se quer escrever. Tal indecisão faz imaginar-me, então, na posição do colunista morfológico cujas obrigações são de expor, semana após semana, curiosidades, lições, estudos, ensinamentos e experiências gramaticais, faça chuva ou sol. Não tenho dúvidas de que em tal posição meu imediatismo me faria ter como principal alternativa, sempre, a minha sinceridade.

E vos digo: a morfologia é uma ciência extensa – e isso não é novidade para ninguém, eu sei. Mas, se na teoria parece simples escolher um tema dentro dela, sendo tantos, na prática nem sempre o é. E então, por circunstância de tal dúvida, acabei ficando debaixo de uma chuva de papéis com temas morfológicos... Acabei pegando alguns antes que eles tocassem o piso. Foi difícil. Mais simples seria esperá-los encostar o chão; porém, não tive tempo para isso, o que fez com que os temas escritos nos papéis pairassem no texto.

O primeiro papel que catei falava dos pronomes: palavras substitutas, suplentes, praticamente dublês dos substantivos: astros que não banalizam sua imagem e que se usam dos pronomes, coitados, para que façam o trabalho de agir por eles. Pronomes que podem ser até mesmo caracterizados como a morfologização da malandragem, como ocorreu no famoso caso do aluno, que, tentando se omitir ao professor, que havia lhe pedido para que dissesse dois pronomes, respondeu: “Quem? Eu?”. Deus salve tal classe tão operária das palavras.

O segundo papel falava sobre verbos deficientes, ou melhor, especiais. Verbos defeituosos, digo, defectivos, que não são conjugados em todos os tempos e pessoas. Verbos que são por vezes proibitivos - e até opressores! - e que impedem, por exemplo, que minha amada irmã, linda e saudável criança em desenvolvimento, colora um belo desenho. Coitada, desenha, mas não pode colori-los.

O terceiro e último papel falava sobre verbos irregulares: verbos mutantes, que foram mutilados e modificados e aglutinados e misturados – e tudo a que se tem direito – de acordo com o tempo e com as mudanças de nossa língua. Digo isso por crer ser bom saber das agruras pelas quais essas palavras passaram para entender que não foi por acaso que Jardel, ex-atacante do Grêmio, se confundiu tanto ao explicar como havia feito um de seus gols, dizendo que “chutou a bola e ela foi fondo, foi fondo, e iu!”.

E assim é não só a morfologia como toda a gramática: viva. Uma volátil chuva volátil de morfológicos papéis picados que nem sempre chegam ao chão e estagnam-se; que às vezes não se cansam de voar por aí se misturando e se modificando com tudo que passa pelo ar.

Fonte: Instituto de Letras, UERJ, 2012.

terça-feira, 12 de março de 2013

POESIA, CRIANÇA & ESCOLA



leituras para um professor que quer ver
 
Christina Dias 
Marô Barbieri

Há poesia por tudo. Essa é a verdade. O que precisa é ensaiar o olho para achar.
E achar poema não é coisa que se aprende assim de forma distraída. É preciso treino e
alguém que mostre, no início. Tem gente que nasce com a facilidade de encontrar poesia
nas coisas. Outras precisam aprender a ver. É para este segundo grupo que falamos
agora.  Mario Quintana, por exemplo, sabe que tem gente que nunca vai aprender.
A BORBOLETA . Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma
borboleta!” O crítico ajusta os óculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida,
murmura: - Ah! sim, um lepidóptero...
Dá um medo de não conseguir aprender. É bem verdade. Mas quando passa o
medo, a coisa vai ficando fácil e precisa só uma olhadinha pra gente perceber que dali
vai sair algo, se a cabeça e o coração da gente deixar. Esse medo passa se a gente
encontra pela frente um bom leitor anterior. Um leitor que já passou pelo medo e viu
como é bom pegar um poema com a mão e mostrar pra todo mundo. É aí que entra o
professor. Tem gente que tem a sorte de ter um professor assim.
Hoje, a única porção de leitura que a maioria das pessoas tem, ainda mais de
poesia, está na escola. Se o  professor não levar poesia pra  dentro da escola periga o
sujeito nunca ver um só poema, um só texto literário. E aí a coisa complica. Claro que
sempre há jeito. Mas, sem auxílio, o caminho é individual e, se a pessoa está sozinha, é
mais difícil.
Então é na escola que a poesia deve aparecer. E lá ela pode passear a vontade,
significando gestos e falas. O professor atento percebe na fala dos seus alunos pequenos
ganchos para apresentar a rima, a brincadeira com repetições e invenção de palavras.
Aliás o que realmente precisa é de um professor leitor. Um que descubra a
poesia escondida no dia a dia, que leia poemas. Porque se ele aprende a olhar com olhos
de poesia, então ele muda o olhar sobre a palavra. E ajuda o aluno a mudar também.
A gente vai mostrar esse outro olhar.
Começando por José Paulo Paes, que nos faz este  CONVITE
Poesia
é brincar com as palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião

Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam

As palavras, não:
quanto mais se brinca
com elas 
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?

Quem também brincou com as palavras e mostrou que a alegria, o saracoteio, o
improvável fazem bons poemas foi Sylvia Orthof, no poema “A poesia é uma pulga”.

A POESIA É UMA PULGA

A poesia é uma pulga,
coça, coça, me chateia,
entrou por dentro da meia,
saiu por fora da orelha,
faz zumbido de abelha,
mexe, mexe, não se cansa,
nas palavras se balança,
fala, fala e não se cala, 
a poesia é uma pulga, 
de pular não tem receio,
adora pular na escola...

Só na hora do recreio!

Em poesia, nada é impossível! Carlos Urbim que o diga.
BIBLIOTECA

Duas traças, irmãs
Biblió e Teça Na hora do almoço
Com muito alvoroso
Ouvem a voz
Da mãe traça:
Biblió, Teca!
Venham almoçar
Há guisadinho
De papel
Para traçar!

Tem Maria Dinorah - meio simbolista - que sabe como ninguém usar as
sonoridades.
PÁSSARO NO ESPAÇO

Piso num ponto
e me ponho
de pés em ponta
Estou pronta.

Penso uma pauta
e me pinto,
pego um pente
e me penteio

Paro no pulo
e no prumo,
nego o nervoso
e me aprumo.

Pronto.
Pisco,
apresto o passo.

E na pausa
dessa pose,
sou um pássaro no espaço.

E Tatiana Belinki,  tão inusitada, tão musical, tão cheia de brincadeiras:

O sapo levou toda a prole
Para comer rocambole
É mole?

Ou Sérgio Caparelli com seus sapos inventores, descobrindo sonoridades, rimas,
cadências.
OS SAPOS INVENTORES

Eu sou o Sapo Inácio,
inventor do saponáceo. 
Sou a Sapa Tuca,
inventei a sapituca.

Eu, a Sapa Tília,
descobri a sapatilha.

Apresento-me: sapo Antão,
criador do sapatão.

- E o sapo que aí está?

- Não sou sapo, sou sabiá,
Ce sabia ou não sabiá?

Ou falando ao mais fundo da emoção:
  Excursão
 
o ônibus roncava na subida
e como era difícil o amor de mariana,
de blusa rala e jeans apertado!
A viagem nem tinha começado
e eu ali,em meio ao vozerio, cantava
batendo nos bancos,
e a professora pedia um pouco de silêncio
pelo amor de deus, vou ficar surda,
e a turma batucava e batucava
e batucava no meu peito
um coração pedindo estrada
e tu, nem te ligo,
conversavas com luisa, ajeitando uma rosa branca
nos teus cabelos lisos,
ô mariana, vê se me vê, pô, estou aqui,
louco de você, e me calava,
ouvindo o ônibus cheio de amor pela estrada
que diante dele se torcia
machucada.

De invenção em invenção, chega o texto de Ricardo Silvestrin, sempre novo, que
descobre como as coisas foram inventadas. Quer saber?

A INVENÇÃO DO PONTO DE INTERROGAÇÃO

A escrita
já tinha sido inventada.
Todas as letras,
as sílabas, as palavras.
Mas houve uma fase em que escrever uma frase
estava causando
a maior confusão.
Tudo porque ainda não existia
O ponto de interrogação.
Alguém escrevia
por exemplo
qualquer coisa besta
como “Hoje você vai à festa”
e recebia como resposta
algo assim:
“Você não manda em mim”.
E logo tinha que esclarecer:
“Sua anta, isso era só uma pergunta”.
Pronto, virava uma briga
só por causa do ponto.
Até que alguém se deu conta
que quem pergunta
não apenas fala,
mas também escuta.
Então deu na sua telha
de colocar sobre o ponto final
o desenho de uma orelha.
Já prestou atenção?
Tem uma orelha
no ponto de interrogação.


Porque a poesia pergunta, desafia e  quer provocar novos questionamentos. A
leitura de um poema abre janelas para outros tantos poemas. 

CONTAGEM

Você já contou estrelas?
E nuvens? E passarinhos?

Já contou quantos dedinhos
têm os pés da centopéia?

Já contou quantas histórias
cabem dentro das idéias?

Já pensou quantas bestagens
podem ser inteligentes?

Já contou quantos gemidos
cabem numa dor de dente?

Já pensou quantas mentiras escondem certa verdade?

Quantas grades e gaiolas
trancam nossa liberdade?

Quantas leituras mais são possíveis a partir do que nos ofereceu Sylvia Orthof!
O poema também vem para provocar a ambigüidade de sentido, para mostrar sua
polissemia. Nesse jogo de interpretações, o sentido se constrói ao longo da leitura.
 Exemplo disso é o poema COM PENA de  Almir Correa.

POEMA COM PENA

Fiz um poema
e não sei se vale a pena
poemar.

É um poema com pena
pena do céu
pena da terra
pena do mar.

Não tem mais pena de índio
Porque índio já não se acha em nenhum lugar.

Mas ainda tem
pena de arara azul
pena de galinha sem cabeça
pena de pato pateta.

Tem tanta pena
pena até de travesseiro.

Só não tem pena nenhuma do burro
porque burro não tem pena.

Neste texto, centradas em uma palavra, idéias se multiplicam e se sobrepõem,
oferecendo ao leitor espaço para preencher as lacunas deixadas pelo poema.
 Neste exercício, o leitor vai se colocando e trazendo o que é seu para dentro da
poesia e, assim, construindo a sua teia de sentidos. A teia o  empurra para novas
descobertas e o constrói como leitor. Assim, o sujeito que, inicialmente necessitou de
um leitor prévio vai andando sozinho e se permitindo fazer leituras próprias. Nesse
caminho a cabeça se abre e os limites se diluem.
Poetas como Mario Quintana (de novo e sempre) ajudam esta construção. 
FATOS CONSUMADOS ...e se eles te apertarem muito sobre o que quiseste dizer com um poema,
pergunta-lhes apenas o que Deus quis dizer com este nosso mundo...

COISAS NUMERADAS

I
Não esquecer que as nuvens
estão improvisando sempre,
mas a culpa é do vento.

II
Ah, essas esculturas de gaze
do vento, sempre errantes
entre o céu e a terra, como
os sonhos do homem.

III
A voz do vento...Ninguém
sabe o que o vento quer
dizer...Quem me faz uma
letra para a voz do vento?

E onde entra a criança? Ora, ela está sempre lá, à disposição da poesia como
qualquer cidadão/leitor. Criança é pronta para a desconstrução, pronta para enxergar
todo um mundo que ela ainda não conhece. E qualquer idéia, forma ou proposta tem
lugar nesse mundo.
Manoel de Barros sabe bem disso. No  “O livro das ignorãças”, é definitivo
quando fala:
VII
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos 
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é a voz do poeta, que é a voz
de fazer nascimentos –
o verbo tem que pegar delírio.

É aqui que poesia, escola e criança se encontram. Porque para viver a POESIA,
para viver a EDUCAÇÃO plena - do sujeito/educador e do  sujeito/educando -, para viver o universo da e com a CRIANÇA, para compreendê-la e com ela amar a VIDA, é
preciso – como diz o poeta – delirar.
Deliremos, pois.




Referências bibliográficas conforme a ordem em que aparecem no texto.

QUINTANA, Mário. SAPO AMARELO – ilustrações de Orlando - Global    
      Editora – SP – SP – p 40
PAES, José Paulo. POEMAS PARA BRINCAR - ilustrações de Luiz Maia –  
      Editora Ática – SP – 2004 – p 3
 ORTHOF, Sylvia. A POESIA É UMA PULGA – ilustrações de Zeflávio  
        Teixeira – Atual Editora – BH – Minas Gerais – p 3
URBIM , Carlos. CADERNO DE TEMAS – ilustrações de Leonardo Menna    
       Barreto Gomes – Editora Mercado Aberto – Porto Alegre – RS – p 17
DINORAH, Maria. POESIA SAPECA – ilustrações BIG - L&PM Editores –  
       Porto Alegre – RS – 8ª edição – 1989 – p 14
BELINKY, Tatiana.
CAPARELLI, Sérgio. BOI DA CARA PRETA – ilustrado por CAULOS –  
       L&PM Editores – Porto Alegre – RS – 12ª edição – p 34
CAPARELLI, Sérgio.RESTOS DE ARCO-ÍRIS. L&PM Editores. Porto  
     Alegre - RS.

 SILVESTRIN, Ricardo. É TUDO INVENÇÃO – ilustrações de Luiz Maia -  
      Editora Ática – SP – 2003 – p 9
  ORTHOF, Sylvia. A POESIA É UMA PULGA – ilustrações de Zeflávio 
         Teixeira – Atual Editora – BH – Minas Gerais – p 19
 CORREIA, Almir.POEMAS MALANDRINHOS – ilustrações de Zeflávio 
        Teixeira – Atual Editora – SP – SP – 1992 – p 03
QUINTANA, Mário. SAPO AMARELO – ilustrações de Orlando – Global   
        Editora – SP – SP – 2006 – p 06  e 24
 BARROS, Manoel de. O LIVRO DAS IGNORÃÇAS – Editora Civilização 
        Brasileira – SP – SP – 1994 – 2ª edição – p 17 


PNEU FURADO

O carro estava encostado no meio-fio, com um pneu furado. De pé ao lado do carro, olhando desconsoladamente para o pneu, uma moça muito bonitinha.
Tão bonitinha que atrás parou outro carro e dele desceu um homem dizendo
"Pode deixar". Ele trocaria o pneu.
- Você tem macaco? - perguntou o homem.
- Não - respondeu a moça.
- Tudo bem, eu tenho - disse o homem - Você tem estepe?
- Não - disse a moça.
- Vamos usar o meu - disse o homem.
E pôs-se a trabalhar, trocando o pneu, sob o olhar da moça.
Terminou no momento em que chegava o ônibus que a moça estava esperando. Ele ficou ali, suando, de boca aberta, vendo o ônibus se afastar.
Dali a pouco chegou o dono do carro.
- Puxa, você trocou o pneu pra mim. Muito obrigado.
- É. Eu... Eu não posso ver pneu furado. Tenho que trocar.
- Coisa estranha.
- É uma compulsão. Sei lá.

(Luís Fernando Veríssimo. Livro: Pai não entende nada. L&PM, 1991).
Esse texto é excelente para trabalhar pontuação em sala de aula de uma forma leve e divertida. Desperatá o interesse dos alunos.
Que tal aproveitar um texto que anda circulando pela internet, para realizar, em sala de aula, uma vivência lúdica e divertida sobre a importância da correta pontuação em um texto? Esta é mais uma proposta pedagógica , para enriquecer as atividades do professor de Produção Textual.

Este exercício apropria-se de um texto que tem circulado pela internet, como simples brincadeira. Na proposta pedagógica aqui criada, o objetivo é demonstrar aos alunos que uma vírgula, um ponto de interrogação ou um ponto final, corretamente empregados, podem, sim, fazer toda a diferença. É importante que o professor, na etapa inicial do exercício, relembre alguns aspectos principais da pontuação e os cuidados para os erros mais comuns devido ao seu emprego indevido. Outro aspecto importante a ser abordado: a importância da clareza no desenvolvimento de um texto.

Desenvolvimento:
1. Dividir a sala em quatro subgrupos (ou múltiplos de quatro, para salas maiores).

2. Entregar papel e caneta. No papel, para criar um certo “clima”, o professor pode desenhar uma moldura bem bonita, contendo dentro dela a palavra “Testamento” e o texto que será trabalhado.

3. Contar a história que dará origem ao exercício:

O Mistério da Herança

Um homem rico estava muito mal, agonizando. Dono de uma grande fortuna, não teve tempo de fazer o seu testamento. Lembrou, nos momentos finais, que precisava fazer isso. Pediu, então, papel e caneta. Só que, com a ansiedade em que estava para deixar tudo resolvido, acabou complicando ainda mais a situação, pois deixou um testamento sem nenhuma pontuação. Escreveu assim:

'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.'
Morreu, antes de fazer a pontuação.

A quem deixava ele a fortuna? Eram quatro concorrentes. O objetivo deste exercício é que cada um dos grupos traga a fortuna para o seu lado. Ou seja, a partir de agora, cada um dos grupos agirá como se fossem os advogados dos herdeiros. O grupo 1 representará o sobrinho. O grupo 2 representará a irmã. O grupo 3 deverá fazer com que o padeiro herde a riqueza. E, finalmente, o grupo 4 deverá será responsável para a riqueza do falecido chegar apenas às mãos dos pobres.

Ao final do exercício, o professor divulgará como deveria ficar cada um dos textos.

Resposta:

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito :
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3) O padeiro puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4) Então, chegaram os pobres da cidade. Espertos, fizeram esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais ! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

O que é mesmo um advérbio?




Mostre aos alunos que essa classe de palavras não é um "bicho de sete cabeças", e que ela serve para completar ou modificar o sentido das frases
Por Gabriela Lara da Cruz Lucas*



Objetivos:

Compreender a função dos advérbios na Língua Portuguesa
Internalizar o conceito de advérbio a partir de atividades com textos e atividades lúdicas com o corpo
Alertar sobre os perigos virtuais e incentivar o uso consciente da internet
Faixa etária: 4º e 5º ano com modificações
Duração: 4 aulas



* Gabriela Lara da Cruz Lucas é professora de Língua Portuguesa, formada em Letras pela PUC-SP, e mestre pela Faculdade de Educação da USP. Atualmente, estuda a interface entre a Psicanálise e o ensino de Língua Materna.
Cedo ou tarde? Antes ou depois? Aqui ou ali? Será que seus alunos sabem o que todas essas palavras têm em comum? Elas são advérbios, a classe de palavras que caracteriza o verbo, especificando seu sentido, dando-lhe cores e vivacidade. O advérbio não só especifica o verbo como pode também modificá-lo, atribuindo-lhe um novo sentido. Por exemplo, a frase “Chegamos” comunica um sentido distinto da frase “Chegamos tarde”.

No primeiro enunciado, o objetivo comunicativo é a informação da ação de chegar, já no segundo o objetivo é informar o tempo da ação ocorrida, sendo a palavra “tarde” o advérbio de tempo responsável por modificar o verbo “chegar”. Os advérbios podem também modificar um adjetivo e até mesmo outro advérbio: em “Chegamos muito tarde”, o advérbio de intensidade “muito” especifica o sentido do advérbio “tarde”. Esta edição dá sequência àquelas que contemplaram outras classes de palavras.

O advérbio, geralmente, é um conteúdo rapidamente trabalhado apesar de sua complexidade, por isso esse plano de aula disponibiliza propostas de trabalho que pretendem construir com os alunos o conceito de advérbio. Se as crianças já internalizam o conceito de verbo, a turma já tem condições para se aventurar por essa nova classe de palavras!

Construindo o conceito de advérbio

O prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade e de contiguidade. Assim como o adjetivo é próximo ao substantivo, o advérbio é próximo ao processo verbal, de maneira a caracterizá-lo, indicando as circunstâncias desse processo. Para explicitar isso às crianças, nada como a boa e velha lousa! Mas não dê o conceito pronto, construa-o com os alunos! A construção do conceito é muito mais rica, além de ser uma maneira de estimulá-los a utilizar o pensamento lógico.

• Coloque no centro do quadro negro dois verbos flexionados em tempos verbais distintos. Nos exemplos abaixo, o verbo “sair” está flexionado na primeira pessoa do singular e no pretérito perfeito, já o “cozinhar” está na primeira pessoa do plural e no presente do indicativo. Depois, peça aos alunos que adicionem informações distintas a esse verbo e anote na lousa os advérbios referentes ao verbo, mas sem classificá-los:


• Feito isso, construa o conceito de advérbio com os alunos, indagando: qual a função das palavras levantadas por vocês? Escreva na lousa as hipóteses dos alunos que sejam mais verossímeis, é comum eles dizerem, por exemplo: “é o adjetivo do verbo”, entre outras afirmações pertinentes.

• Só então, nomeie a classe de palavras, dizendo que as palavras e expressões levantadas pelos alunos são os “advérbios”. Então, pergunte: a que outra classe de palavras esse nome, “advérbio”, diz respeito?
• Reúna as hipóteses, escrevendo o conceito na lousa, fazendo uso de expressões e das palavras dos alunos.

• O último passo é ler em voz alta o conceito de advérbio de alguma gramática confiável da sua escolha. Esclareça que eles estão aprendendo uma nova classe de palavras que tem como função primordial caracterizar o verbo, modificando seu sentido. Mas não se esqueça: o conceito ainda está incompleto, pois o advérbio também modifica o adjetivo e o próprio advérbio! Se julgar que a turma está preparada, vale dar exemplos, do contrário, isso pode ser feito nos anos seguintes.
Dica esperta!
À medida que o alunos adicionarem advérbios, faça combinações oralmente: “Não saí com meus amigos”, “Não saí de carro”, “Apesar da falta de tempo, cozinhamos para eventos”, “Jamais cozinhamos em restaurantes”. A construção de orações, fazendo uso dos advérbios, mostrará como ele é capaz de modificar o sentido comunicativo do  enunciado!

htCaros colegas encontrei esse site muito útil, vale a pena conferir" tp s://adonisdutra.com.br/simulados-de-portugues-7ano/