O monstro que morava embaixo da cama de T. Meroso
Quando eu tinha 7 anos de idade, meu
pai vivia pegando no meu pé para arrumar o quarto. Até que ele não era tão
bagunçado, mas, conforme se chegava mais perto da cama, a bagunça aumentava.
Acontece que, desde que eu era bebê, eu sabia que havia um monstro horroroso
morando embaixo da minha cama, e evitava me aproximar dela. O monstro era
sinistro. Toda noite, quando eu ia dormir, ele rosnava e fazia uns ruídos
estranhos – acho que estava mastigando pedaços dos meus brinquedos. E sempre
que meus pais estavam no quarto, ele parava na hora, e eles não acreditavam que
havia um monstro ali. Mas um dia meu pai disse que eu tinha que arrumar meu
quarto, e eu precisei obedecer, porque a cara dele estava mais feia do que a
cara do monstro – embora eu nunca tivesse visto a cara do monstro para
comparar! Reuni coragem e comecei a arrumar a bagunça. Finalmente cheguei perto
da cama... e olhei lá embaixo. Encontrei 39 carrinhos desmontados, 7 livros
amassados, 14 cuecas que nem me serviam mais e uns 20 pés de meias que tinham
sumido nos últimos anos. Mas nem sinal do monstro. Depois daquele dia, ele
nunca mais rosnou ou roubou brinquedos... Quando meus filhos nasceram, achei
que o monstro voltaria para assombrar o quarto deles. Perguntei aos meninos se
não havia um monstro debaixo de sua cama, e eles riram de mim. Disseram que lá
só havia um portal quântico multidimensional que levava a outros universos.
Será?
Rosana
Rios. O livro dos sustos: o que fazer
nas situações horripilantes da vida.
São Paulo:
Ática, 2006.
3º Ano – 2º Bimestre
MARIA VAI COM AS OUTRAS
Era
uma vez uma ovelha chamada Maria.
Onde as outras ovelhas
iam, Maria ia também.
As ovelhas iam pra baixo.
Maria ia para baixo.
As ovelhas iam pra cima.
Maria ia pra cima.
Maria ia sempre com as
outras.
Um dia, todas as ovelhas
foram para o Pólo sul.
Maria foi também.
Ai, que lugar frio!
As ovelhas pegaram uma
gripe!!!
Maria pegou gripe também.
Atchim!
Maria ia sempre com as
outras.
Depois todas as ovelhas foram
para o deserto.
Maria foi também.
Ai, que lugar quente!
As ovelhas tiveram
insolação.
Maria teve insolação
também. Uf! Puf!
Maria ia sempre com as
outras.
Um dia, todas as ovelhas
resolveram comer salada de jiló.
Maria detestava jiló.
Mas, como todas as ovelhas comiam jiló,
Maria comia também. Que
horror!
Foi quando, de repente,
Maria pensou:
“Se eu não gosto de jiló,
Por que é que eu tenho
que comer salada de jiló?”
Maria pensou, suspirou, mas
continuou fazendo o que as outras faziam.
Até que as ovelhas resolveram
pular do alto do Corcovado pra dentro da Lagoa.
Todas as ovelhas pularam.
Pulava uma ovelha, não
caía na Lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé!
Pulava outra ovelha, não
caía na Lagoa, caía na pedra, quebrava o pé, chorava: mé!
Chegou a vez da Maria
pular.
Ela deu uma requebrada, entrou
num restaurante e comeu uma feijoada.
Agora, mé, Maria vai para
onde caminha seu pé!
Sylvia Orthoff
4º ANO – 2º BIMESTRE 2012
A COISA
A casa do avô de Alvinho
era uma dessas casas antigas, grandes, que têm dois andares e mais um velho
porão, onde a família guarda tudo que ninguém sabe bem se quer ou não quer.
Um dia Alvinho resolveu
ir lá embaixo procurar uns patins que ele não sabia onde é que estavam. Pegou
uma lanterna, que as lâmpadas do porão estavam queimadas, e foi descendo as
escadas com cuidado.
No que foi, voltou aos
berros:
__ Fantasma! Uma coisa
horrível! Um monstro de cabelo vermelho e uma luz medonha saindo da barriga.
Ninguém acreditou, está
claro! Onde é que já se viu monstro com luz saindo da barriga? Nem em filme de
guerra nas estrelas!
Então o vovô foi ver o
que havia. E voltou correndo, como o Alvinho.
__ A Coisa! - ele gritava. – A Coisa! É pavorosa! Muito
alta, com os olhos brilhantes, como se fossem de vidro! E na cabeça uns tufos
espetados pra todos os lados!
Nessa altura a família
toda começou a acreditar. E tio Gumercindo resolveu investigar. E voltou, como
os outros, correndo e gritando:
__ A Coisa! É uma Coisa!
Com uma cabeça muito grande, um fogo na boca. É muito horrorosa!
O Alvinho já estava
roendo as unhas de tanto medo. Dona Julinha a
avó de Alvinho, era a única que não estava impressionada.
__ Deixa de bobagem,
Alvinho. Pra que este medo? Fantasmas não existem!
__ Mas o meu existe! –
disse Alvinho.
__Tá bem, tá bem, eu vou –
disse Dona Julinha. Eu vou ver o que há...
E Dona Julinha foi tirar
a limpo o que estava acontecendo. Foi descendo as escadas devagar, abrindo as
janelas que encontrava.
A família veio toda
atrás, assustada, morrendo de medo do monstro, fantasma, alma penada, fosse ele
o que fosse. Até que chegaram lá embaixo e Dona Julinha abriu a última janela.
Então todos começaram a
rir, muito envergonhados.
A Coisa era... um
espelho!
Dona Julinha tinha levado
o espelho para baixo e tinha coberto com um lençol (Dona Julinha não tinha medo
de fantasmas, mas tinha medo de raios...).
Um dia o lençol desprendeu
e caiu e se transformou na... Coisa...
Cada um que descia as
escadas, no escuro, via uma coisa diferente no espelho. E todos eles pensavam
que tinham visto... a Coisa.
A Coisa eram eles mesmos!
Não ria, não! Você já
reparou como um espelho no escuro é esquisito?
Ruth Rocha
(Texto retirado do livro As Aventuras de Alvinho, Ruth
rocha).
5º ANO – 2º BIMESTRE - 2012
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