Algumas
aproximações
No contexto da arte de educar, certamente a arte de avaliar
representa um enorme desafio, até porque, como sabemos, pela forma como se
avalia pode-se comprometer todo o processo educativo.
1.
Breve resgate histórico
A prática de aprovar/reprovar o aluno no final do ano parece
algo natural, que sempre foi assim. Mas isto não corresponde aos fatos. Se
formos resgatar a gênese histórica da distorção da avaliação no interior da
escola elementar – seu caráter classificatório e excludente –, podemos
encontrá-la entre meados do século XV e o início do século XVI, justamente no
momento em que há uma forte valorização da educação e da escola, por uma série
de fatores (aumento da população nas cidades, aumento da demanda de profissionais
qualificados para tocar os negócios em franca ascensão, esboço de uma reforma
católica, a descoberta da educabilidade humana, a virada
antropocêntrica, a disputa religiosa entre católicos e protestantes). Essa
valorização faz com que aumente muito o número de alunos nas escolas, até
então pulverizadas em pequenas salas anexas a catedrais, mosteiros ou
paróquias. Os professores de então tinham uma formação muito precária; os
conteúdos e métodos, oriundos da universidade, não eram apropriados para as
crianças; a língua utilizada era o latim e não o vernáculo; as classes eram
lotadas, os recursos didáticos limitados. Aumentam fortemente, então, os
problemas de indisciplina na sala de aula. Diante disso, e num contexto
favorável, como estratégia de motivação para o estudo, passa-se a usar a
avaliação com um caráter classificatório e excludente, através da junção de
dois dispositivos pedagógicos que até então estavam separados: a reprovação e a
divisão dos alunos em séries. Desta união, surge a repetência: a prática de o
aluno não aprovado frequentar novamente uma pequena parcela – série – de seu
curso.
2.
Avaliação e motivação
Se pensarmos a avaliação no seu sentido radical, libertador,
isto é, como processo de análise da realidade e de mediação para manter ou
alterar a prática em função da finalidade pretendida, ela é, de fato, um
poderoso elemento motivador: o sujeito se anima quando percebe que sua ação
está dando resultado ou se Celso dos
Santos Vasconcellos Artigo Junho 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário