O
professor não deve usar apenas uma tendência pedagógica isoladamente, mas se
apropriar de todas para saber qual será a mais eficaz de acordo com cada
situação e para uma melhor qualidade de atuação.
As tendências pedagógicas brasileiras foram muito
influenciadas pelo momento cultural e político da sociedade, pois foram levadas
à luz graças aos movimentos sociais e filosóficos. Essas formaram a prática
pedagógica do país.
Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990)
propõem a reflexão sobre as tendências pedagógicas. Mostrando que as principais
tendências pedagógicas usadas na educação brasileira se dividem em duas grandes
linhas de pensamento pedagógico. Elas são: Tendências Liberais e Tendências
Progressistas.
Os professores devem estudar e se apropriar
dessas tendências, que servem de apoio para a sua prática pedagógica. Não se
deve usar uma delas de forma isolada em toda a sua docência. Mas, deve-se
procurar analisar cada uma e ver a que melhor convém ao seu desempenho
acadêmico, com maior eficiência e qualidade de atuação. De acordo com cada nova
situação que surge, usa-se a tendência mais adequada. E observa-se que hoje, na
prática docente, há uma mistura dessas tendências.
Deste modo, seguem as explicações das
características de cada uma dessas formas de ensino. Porém, ao analisá-las,
deve-se ter em mente que uma tendência não substitui totalmente a anterior, mas
ambas conviveram e convivem com a prática escolar.
1) Tendências Liberais
- Liberal não tem a ver com algo aberto ou democrático, mas com uma instigação
da sociedade capitalista ou sociedade de classes, que sustenta a ideia de que o
aluno deve ser preparado para papéis sociais de acordo com as suas aptidões,
aprendendo a viver em harmonia com as normas desse tipo de sociedade, tendo uma
cultura individual.
No ensino tradicional, o ensino é centralizado no
professor e o alunos são receptores.
1.1)
Tradicional -Foi a primeira a ser instituída no Brasil por motivos
históricos. Nesta tendência o professor é a figura central e o aluno é um
receptor passivo dos conhecimentos considerados como verdades absolutas. Há
repetição de exercícios com exigência de memorização.
1.2)
Renovadora Progressiva - Por razões de recomposição da hegemonia da
burguesia, esta foi a próxima tendência a aparecer no cenário da educação
brasileira. Caracteriza-se por centralizar no aluno, considerado como ser ativo
e curioso. Dispõe da ideia que ele “só irá aprender fazendo”, valorizam-se as
tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e
social. Aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem.O
professor é um facilitador.
1.3)
Renovadora não diretiva (Escola Nova) – Anísio Teixeira foi o grande
pioneiro da Escola Nova no Brasil.É um método centrado no aluno. A escola tem o
papel de formadora de atitudes, preocupando-se mais com a parte psicológica do
que com a social ou pedagógica. E para aprender tem que estar
significativamente ligado com suas percepções, modificando-as.
1.4)
Tecnicista – Skinner foi o expoente principal dessa corrente
psicológica, também conhecida como behaviorista. Neste método de ensino o aluno
é visto como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na
mente através de associações. O professor é quem deposita os conhecimentos,
pois ele é visto como um especialista na aplicação de manuais; sendo sua
prática extremamente controlada. Articula-se diretamente com o sistema
produtivo, com o objetivo de aperfeiçoar a ordem social vigente, que é o capitalismo,
formando mão de obra especializada para o mercado de trabalho.
2) Tendências
Progressistas - Partem de uma análise crítica das realidades sociais,
sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação e é uma
tendência que condiz com as ideias implantadas pelo capitalismo. O
desenvolvimento e popularização da análise marxista da sociedade possibilitou o
desenvolvimento da tendência progressista, que se ramifica em três correntes:
2.1) Libertadora – Também
conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, essa tendência vincula a educação à
luta e organização de classe do oprimido. Onde, para esse, o saber mais
importante é a de que ele é oprimido, ou seja, ter uma consciência da realidade
em que vive. Além da busca pela transformação social, a condição de se libertar
através da elaboração da consciência crítica passo a passo com sua organização
de classe. Centraliza-se na discussão de temas sociais e políticos; o professor
coordena atividades e atua juntamente com os alunos.
2.2) Libertária – Procura a
transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário. Parte
do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado
em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for
possível seu uso prático. Enfoca a livre expressão, o contexto cultural, a
educação estética. Os conteúdos, apesar de disponibilizados, não são exigidos
pelos alunos e o professor é tido como um conselheiro à disposição do aluno.
2.3) "Crítico-social dos conteúdos”
ou "Histórico-Crítica" - Tendência que apareceu no Brasil
nos fins dos anos 70, acentua a prioridade de focar os conteúdos no seu
confronto com as realidades sociais, é necessário enfatizar o conhecimento
histórico. Prepara o aluno para o mundo adulto, com participação organizada e
ativa na democratização da sociedade; por meio da aquisição de conteúdos e da
socialização. É o mediador entre conteúdos e alunos. O ensino/aprendizagem tem
como centro o aluno. Os conhecimentos são construídos pela experiência pessoal
e subjetiva.
Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB 9.394/96), ideias como de Piaget, Vygotsky e Wallon foram muito
difundidas, tendo uma perspectiva sócio-histórica e são interacionistas, isto
é, acreditam que o conhecimento se dá pela interação entre o sujeito e um
objeto.