quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Exercícios sobre predicativo do objeto
O predicativo do objeto se caracteriza como aquele termo que, por meio de um verbo, faz uma atribuição ao objeto.
Questão 1
Observe a oração ambígua: “O Padre Gerôncio julgou o sacerdote jovem”.
Por um lado, “jovem” pode ser o resultado do julgamento do Padre Gerôncio, sendo predicativo; por outro, pode ser uma característica do sacerdote que independe do julgamento do Padre Gerôncio, sendo adjunto adnominal.
Identifique a alternativa em que “jovem” não representa o julgamento do padre Gerôncio, sendo adjunto adnominal.
a) O Padre Gerôncio julgou o jovem sacerdote.
b) O Padre Gerôncio julgou-o jovem.
c) O sacerdote foi julgado jovem pelo Padre Gerôncio.
d) O Padre Gerôncio julgou jovem o sacerdote.
e) O Padre Gerôncio julgou que o sacerdote era jovem.
Questão 2
Analisando as orações que seguem, procure indicar a função sintática dos termos destacados, tendo como subsídio a noção relacionada a predicativo do sujeito e a predicativo do objeto:
a) Sempre a considerei uma excelente amiga.
b) Os convidados aparentavam eufóricos com a demora da apresentação.
c) Os convidados caminhavam maravilhados pelo rol de entrada do salão.
d) Ela certamente será uma boa esposa.
e) Todos o julgaram inocente.
f) Julgaram incorreta a atitude dela
Questão 3
(Fac. Luzwell) “O professor atravessou o pátio apressado”.
a- ( ) Neste período há um predicado verbo-nominal com predicativo do objeto.
b – ( ) “atravessou o pátio apressado” = predicado verbal
c – ( ) “o pátio” = núcleo do predicado.
d - ( ) apressado = predicativo do sujeito
e – n. d.
Resposta Questão 1
Ao analisarmos todas as alternativas, constatamos que a demarcada pela letra “A” condiz com o que é exposto no enunciado da questão, visto ser considerado como adjetivo o termo “jovem”, qualificando, portanto, o substantivo sacerdote.
Dessa forma, como os adjuntos adnominais são formados, também, pela classe dos adjetivos, não há como duvidarmos acerca da relevância de tais apontamentos.
Resposta Questão 2
a) Sempre a considerei uma excelente amiga.
Predicativo do objeto
b) Os convidados aparentavam eufóricos com a demora da apresentação.
Predicativo do sujeito
c) Os convidados caminhavam maravilhados pelo rol de entrada do salão.
Predicativo do sujeito
d) Ela certamente será uma boa esposa.
Predicativo do sujeito
e) Todos o julgaram inocente.
Predicativo do objeto
f) Julgaram incorreta a atitude dela.
Predicativo do objeto
Resposta Questão 3
Temos como alternativa que se adéqua aos pressupostos preconizados no enunciado aquela representada pela letra “D”, visto se tratar de um período composto por um verbo nocional e um não nocional, sendo que o adjetivo “apressado” representa sim o predicativo do sujeito, dada a presença de um verbo de ligação, ainda que implícito (representado pelo verbo estar).
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
INGLÊS PARA APRENDIZ
(ESTOU TENTANDO APRENDER)
Obrigado, Por Favor, Desculpe
Obrigado (a)
Thank you
fên-kiu
Não, obrigado (a)
No, thank you
nôu, fên-kiu
Sim, por favor
Yes, please
iés, plíz
Por favor (oferecendo ou pedindo algo)
Please
plíz
Desculpe-me! (ao espirrar/bocejar etc.)
Excuse me!
eks-kíuz-mi
Desculpe!
Sorry!
só-ri
Sinto muito!
I'm really sorry
aim ri-li só-ri
Foi/Não foi culpa minha!
It was/wasn't my fault!
it uós/uó-zânt mai fólt
Onde, Como, Pedidos Simples
Com licença (para que alguém dê passagem)
Excuse me, please
eks-kíuz-mi, plíz
Pode me dizer ...?
Can you tell me ...?
kén iu tél mi
Pode me dar ...?
Can I have ...?
kén ai rrev
Deseja um (a) ...?
Would you like a ...?
uud iu laik a
Gostaria de ...?
Would you like to ...?
uud iu laik tu
Há ... aqui?
Is there ... here?
is dér ... rri-êr
O que é isso?
What is that?
uót is dét
Onde posso conseguir ...?
Where can I get ...?
uér kén ai guét
Quanto custa?
How much is it?
rrau mâtch iz it
Onde está o (a) ...?
Where is the ...?
uér iz de
Por favor, onde ficam os sanitários?
Where are the toilets, please?
uér ar de tói-léts, plíz
Ajuda, Problemas
Poderia me ajudar?
Can you help me?
kén iu rrelp mi
Não compreendo
I don't understand
ai don ân-ders-ténd
O (A) senhor (a) fala português/inglês/francês/alemão?
Do you speak Portuguese/English/French/German?
du iu spík pór-tiu-guiz/in-glich/fréntch/djêr-man
Alguém aqui fala português?
Does anyone here speak Portuguese?
dâs eni-uân rri-êr spík pór-tiu-guiz
Não falo inglês
I can't speak English
ai ként spík in-glich
Não sei
I don't know
ai don nôu
Qual é o problema?
What's wrong?
uóts rong
Por favor, fale mais devagar
Please, speak more slowly
plíz, spík mór slôu-li
Por favor, escreva isso para mim
Please write it down for me
plíz rait it daun fór mi
Eu me perdi
I've lost my way
aiv lóst mai uei
Vá embora!
Go away!
gou au-êi
Conversas com Recepcionistas
Tenho uma reunião com ...
I have an appointment with ...
ai rrev ân a-pói-ment uif
Gostaria de ver ...
I'd like to see ...
aid laik tu si
Aqui está meu cartão
Here's my card
rri-êr iz mai kârd
Sou da empresa ...
My company is ...
mai kom-pa-ni is
Posso usar seu telefone?
May I use your phone?
mei ai iuz iór fôu-ne
92 ATIVIDADES DE INGLÊS PARA SÉRIES INICIAIS
EU E A FERA
Dos contos de fadas pra vida real,
Já eu uma mera mortal,
No entanto,ainda me encanto
Com a sua destreza de piloto.
E na minha memória
Ainda bem recente
Me lembro a leitura da última poesia,
Cadenciada e potente
Igualzinha à máquina quente
Que por você é acelerada !
Iara pereira de Carvalho
Atividade com descritores.
Trágico Acidente de Leitura -
Trágico Acidente de Leitura
Tão comodamente que eu estava lendo, como quem viaja num raio de lua, num tapete mágico, num trenó, num sonho. Nem lia: deslizava. Quando de súbito a terrível palavra apareceu, apareceu e ficou, plantada ali diante de mim, enfocando-me: ABSCÔNDITO. Que momento passei!... O momento de imobilidade e apreensão de quando o fotógrafo se posta atrás da máquina, envolvidos os dois no mesmo pano preto, como um duplo monstro misterioso e corcunda...terrível silêncio do condenado ante o pelotão de fuzilamento, quando os soldados dormem na pontaria e o capitão vai gritar: Fogo!
Extraído de "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 70.
1- O que o texto considerou um acidente de leitura?
a) O envolvimento num pano preto.
b) Não ler. Deslizar.
c) O fato de alguém encontrar uma palavra desconhecida no meio do livro que estava lendo.
O) O fato de a leitura deixa-lo tão cômodo ao ponto de se sentir viajando num raio de luz...
R: C - D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.
2- No trecho, " Nem lia: deslizava", a expressão enfatizada dá ideia de:
a) Suavidade e desenvoltura.
b) Tropeços e gagueira.
c) Leitura sem entendimento.
d) Cansaço e indignação.
R: A - D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
3- No trecho: "Que momento passei!..." o emprego das reticências servem para marcar.
b) Pausa e perplexidade do leitor diante da palavra nova.
c) Indignação e compreensão do leitor.
d) Indicação de pausa diante do final da leitura.
R: B - D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações
Fonte: Livro “Tecendo Linguagens” p.19.
Tipos de Predicados
- Predicado expressa ação do sujeito.
__Quando o verbo e a palavra mais importante desse predicado.
- Predicado expressa atributo do sujeito.
__Quando a palavra ou expressão com valor adjetivo que expressa esse
atributo é a mais importante do predicado. Nesse caso, o verbo tem como
função ligar o sujeito ao seu atributo. Dizemos que se trata de um verbo
de ligação.
- De acordo com a relação que o predicado mantém com o sujeito, há três tipos de predicado.
__ Dinorá era pobre.
Dinorá = sujeito.
era = verbo de ligação.
pobre = predicativo.
A palavra pobre é o termo mais importante do
predicado. Por isso dizemos que ela é o núcleo do predicado. E, por se
tratar de um atributo do sujeito, esse núcleo do predicado é conhecido
como predicado do sujeito. Quando o predicado apresenta como
núcleo um predicado do sujeito, que se liga ao sujeito por meio de um
verbo de ligação, damos a ele o nome de predicado nominal.
Analise outro ex:
Os seus quinze amigos entraram em casa.
Os seus quinze amigos. = sujeito.
entraram em sua casa = predicado.
A palavra entraram é o termo mais importante do predicado, pois
expressa uma ação do sujeito e é, portanto, o núcleo do predicado.
Quando o predicado apresenta como núcleo um verbo, damos a ele o nome de
predicado verbal.
Analise mais um ex:
Mariá gargalhava enlouquecida.
Mariá = sujeito.
gargalhava enlouquecido = predicado
(gargalhava = ação - enlouquecido = predicativo)
Neste caso, as palavras gargalhava e
enlouquecida são igualmente importantes, pois expressam uma ação e um
atributo do sujeito ( predicativo do sujeito). Quando o predicado apresenta dois núcleos - um verbo e um predicativo do sujeito -, damos a ele o nome de predicado verbo-nominal.
Base: Livro tecendo linguagens p.9
ATIVIDADE
Leia as orações abaixo, identifique o verbo de cada uma delas e, em seguida, classifique o predicado.
1) A laranja parecia madura.
R- Verbo - Parecia = predicado nominal.
2) No lugar das sementes, haviam pérolas enormes.
R- Verbo - Havia = predicado verbal.
3) Dinorá se transformou no mais rico dos reis do destino.
R - Verbo - transformou = predicado nominal.
4) Mariá gosta muito dessa história.
R - Verbo - Gosta = predicado verbal.
5) Os reis saíram fartos da casa de Mariá.
R - Verbo - predicado verbo-nominal.
ATIVIDADES COM TEXTOS HUMORÍSTICOS
PULGA SONHADORA
Duas pulgas conversando:
__ O que você faria se ganhasse na loteria?
A amiga responde, com ar de sonhadora:
__ Eu comprava um cachorro só para mim.
Brasil
Almanaque de Cultura popular, nº 61, abr.2004
Texto 2)
BEM EXPLICADO
Dizem que esta se deu em casa de conhecida, rica e antiga família paulista.
Tendo enviuvado o Cel. Eulálio, deixou lhe a esposa três filhinhos.
Mais tarde casou-se com a viúva D. Eugênia, mãe de três pimpolhos.
Do segundo casamento tiveram mais dois filhos.
Certo, dia ao entrar em casa, ouviu o berreiro dos dois menores e perguntou à esposa:
__Que aconteceu lá dentro.
__Nada demais: teus filhos e meus filhos estão batendo em nossos filhos.
Cornélio Pires. Mixórdia: contos, anedotas. são Paulo: Companhia Editora Nacional.
Responda as questões relacionadas aos textos lidos acima.
1) O que provoca humor no texto 1?
a) Duas pulgas conversando.
b) Pulgas sonhar em ganhar na loteria.
c) O fato de a pulga ter um sonho de consumo como se fosse ser humano.
d)A pulga sonhar com algo impossível.
R: C - D16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
2) Em que fator podemos comparar as duas anedotas.
a) O tema apresentado por ambas.
b) O elemento-surpresa no final da história.
c) A linguagem dos personagens.
d) O desfecho esperado para a história.
R: B - D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
3) Qual o tema que faz referência ao texto 2?
a) Sonho de consumo.
b) Amor e convivência.
c) Casamento de viúvos.
d) Família.
4) O texto 1 trás uma linguagem contemporânea, enxuta, com frases curtas. Identifique a linguagem do texto 2 analisando também o tipo de personagens.
a) Arcaica/formal.
b) Coloquial/informal.
c) Gíria/informal.
d) Jornalística/formal.
R: A - D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
LITERATURA
Barroco e Arcadismo
Músicas que apresentam características desses movimentos literários
O professor pode, a seu critério, pesquisar vídeos e clipes com essas canções, usar áudios ou apenas os textos.
CERTAS COISAS
Não existiria som se não
houvesse o silêncio
Não existiria luz se não
fosse a escuridão
A vida é mesmo assim
Dia e noite
Não e sim
Cada voz que canta o amor
Não diz
tudo o que quer dizer
Tudo que cala fala mais
alto ao coração
Silenciosamente
eu te falo com paixão
Eu te amo calado
como se fosse uma sintonia
de silêncio e de luz
Nós somos medo e desejo
somos feitos de silêncio e som
Têm certas coisas que eu não sei dizer...
(Lulu Santos e Nelson Mota)
Questão1: Na música podemos encontra figuras de linguagem típicas da poesia barroca. Identifique-as, relacionando-as ao movimento literário estudado.
RESPOSTA: Espera-se que o aluno perceba que a canção está centrada em na presença de elementos contraditórios entre si, mas interdependentes, cujas existências se complementam. Encontramos antíteses (som/silêncio, luz/escuridão, dia/noite, não/sim etc) e oxímoros/paradoxos (Oxímoro é a nomenclatura mais adequada. É a figura de pensamento em que se exprime um paradoxo que nos obriga a analisar a realidade a partir de diferentes perspectivas, mas sem que entre elas se estabeleça a dicotomia posta em evidência pela antítese simples. Ex.: Tudo o que cala fala mais/alto ao coração, silenciosamente eu te falo, sintonia de silêncio). Essas figuras de linguagem caracterizam a dualidade dos poemas barrocos, período marcado pelo conflito interior de um homem cheio de angústias e dilemas.
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Ler mais:http://edinanarede.webnode.com.br/atividades/
SUGESTÃO DE ATIVIDADES -LITERATURA
Quinhentismo - Material complementar
- No site abaixo há algumas sugestões de nove filmes que retratam o período da chegada dos portugueses ao Brasil, da colonização etc. E acompanham as respectivas sinopses.
http://literaturanocinema.blogspot.com/2008/08/quinhentismo_08.html
- Os dois textos que seguem são releituras interessantes da carta de Pero Vaz de Caminha. Vale a pena ler, podem possibilitar um trabalho que aproxime mais o tema da realidade de nossos alunos, tornando a aula mais interessante:
SE PERO VAZ DE CAMINHA VIESSE AO BRASIL HOJE...
(adaptado)
"Olá, meu amado rei. Aqui quem fala é Pero Vaz. Está me ouvindo bem? Peguei emprestado o celular de um nativo aqui da nova terra. Tudo bem, o capitão Pedro está mandando um abraço. Chegamos na terça-feira, 21 de abril, mas deixei para ligar no domingo porque a ligação é mais barata. É, aqui tem dessas coisas...
Os nativos ficaram espantados com a nossa chegada por mar. Não acharam que éramos deuses, majestade; acharam que éramos loucos de pisar em um mar tão sujo...
A ligação está boa?
Pois é, esta terra é engraçada. Tem telefonia celular digital, automóveis importados, acesso gratuito à Internet, mas ainda tem gente que morre de malária, e está cheia de criança barriguda de tanto verme. É meio complicado explicar...
Se já encontramos o chefe?
Olha, rei, está meio complicado. Aqui tem muito cacique para pouco índio. Logo que chegamos em Porto Seguro tinha um cacique lá que dizia que fazia chover, que mandava prender e soltar quem ele quisesse. É, um cacique bravo mesmo...
Mais para o Sul encontramos outra tribo, uma aldeia maravilhosa e muito festiva, com lindas nativas quase nuas. (...)
Como vossa majestade pode perceber, é uma terra fácil de se colonizar, pois os nativos não falam a mesma língua. Sim, são pacíficos, sim. É só verem um coco no chão para eles começarem a chutá-lo e esquecerem da vida.
Sabem, sabem ler, mas não todos. A maioria lê muito mal e acredita em tudo que é escrito. Vai ser moleza, fica frio.(...)
Olha, preciso desligar. O rapaz que me emprestou o telefone celular precisa fazer uma ligação. Ele é comerciante. Disse que precisa avisar ao povo que chegou um novo carregamento de farinha.
Engraçado... Eles ficam tão contentes por trabalhar... A cada mercadoria que chega eles sobem o morro e soltam rojões.
É uma terra muito rica, majestade. Acho que desta vez acertamos em cheio!
Isso aqui ainda vai ser o país do futuro..."
Original disponível em http://www.catho.com.br/jcs/inputer_view.phtml?id=4654
Ler mais: http://edinanarede.webnode.com.br/atividades/
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Formação do povo brasileiro
Uma só palavra ou teoria não seria capaz de abarcar todos os processos e experiências históricas que
marcaram a formação do povo brasileiro. Marcados pelas contradições do conflito e da convivência, constituímos uma nação com traços singulares que ainda se mostram vivos no cotidiano dos vários tipos de “brasileiros” que reconhecemos nesse território de dimensões continentais.
A primeira marcante mistura aconteceu no momento em que as populações indígenas da região entraram em contato com os colonizadores do Velho Mundo. Em meio ao interesse de exploração e o afastamento dos padrões morais europeus, os portugueses engravidaram várias índias que deram à luz nossa primeira geração de mestiços. Fora da dicotomia imposta entre os “selvagens” (índios) e os “civilizados” (europeus), os mestiços formam um primeiro momento do nosso variado leque de misturas.
Tempos depois, graças ao interesse primordial de se instalar a empresa açucareira, uma grande leva de africanos foi expropriada de suas terras para viverem na condição de escravos. Chegando a um lugar distante de suas referências culturais e familiares, tendo em vista que os mercadores separavam os parentes, os negros tiveram que reelaborar o seu meio de ver o mundo com as sobras daquilo que restava de sua terra natal.
Isso não quer dizer que eles viviam uma mesma realidade na condição de escravos. Muitos deles, não suportando o trauma da diáspora, recorriam ao suicídio, à violência e aos quilombos para se livrar da exploração e elaborar uma cultura à parte da ordem colonial. Outros conseguiam meios de comprar a sua própria liberdade ou, mesmo sendo vistos como escravos, conquistavam funções e redes de relacionamento que lhes concediam uma vida com maiores possibilidades.
Não se limitando na esfera de contato entre o português e o nativo, essa mistura de povos também abriu novas veredas com a exploração sexual dos senhores sobre as suas escravas. No abuso da carne de suas “mercadorias fêmeas”, mais uma parcela de inclassificáveis se constituía no ambiente colonial. Com o passar
do tempo, os paradigmas complexos de reconhecimento dessa nova gente passou a limitar na cor da pele e na renda a distinção dos grupos sociais.
Ainda assim, isso não impedia que o caleidoscópio de gentes estabelecesse uma ampla formação de outras culturas que marcaram a regionalização de tantos espaços. Os citadinos das grandes metrópoles do litoral, os caipiras do interior, os caboclos das regiões áridas do Nordeste, os ribeirinhos da Amazônia, a região de Cerrado e os pampas gaúchos são apenas alguns dos exemplos que escapam da cegueira restritiva das generalizações.
Enquanto tantas sínteses aconteciam sem alcançar um lugar comum, o modelo agroexportador foi mui vagarosamente perdendo espaço para os anseios da modernização capitalista. A força rude e encarecida do trabalho escravo acabou abrindo espaço para a entrada de outros povos do Velho Mundo. Muitos deles, não suportando os abalos causados pelas teorias revolucionárias, o avanço do capitalismo e o fim das monarquias, buscaram uma nova oportunidade nessa já indefinida terra brasilis.
Italianos, alemães, poloneses, japoneses, eslavos e tantos mais não só contribuíram para a exploração de novas terras, como cumpriram as primeiras jornadas de trabalho em ambiente fabril. Assim, chegamos às primeiras décadas do século XX, quando nossos intelectuais modernistas pensaram com mais intensidade essa enorme tralha de culturas que forma a cultura de um só lugar. E assim, apesar das diferenças, frestas, preconceitos e jeitinhos, ainda reconhecemos o tal “brasileiro”.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
Curiosidade!
Português na História
Curiosamente, o português surgiu da
mesma língua que originou a maioria dos idiomas europeus e asiáticos. Com as inúmeras
migrações entre os continentes, a língua inicial existente acabou subdividida em cinco
ramos: o helênico, de onde veio o idioma grego; o românico, que originou o
português, o italiano, o francês e uma série de outras línguas denominadas latinas;
o germânico, de onde surgiram o inglês e o alemão; e finalmente o céltico, que deu
origem aos idiomas irlandês e gaélico. O ramo eslavo, que é o quinto, deu origem a
outras diversas línguas atualmente faladas na Europa Oriental.
O latim era a língua oficial do antigo Império Romano e
possuía duas formas: o latim clássico, que era empregado pelas pessoas cultas e
pela classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o latim vulgar, que
era a língua utilizada pelas pessoas do povo. O português originou-se do latim vulgar,
que foi introduzido na península Ibérica pelos conquistadores romanos. Damos o nome de neolatinas
às línguas modernas que provêm do latim vulgar. No caso da Península Ibérica, podemos
citar o catalão, o castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua
portuguesa.
O domínio cultural e político dos
romanos na península
Ibérica impôs sua língua, que, entretanto, mesclou-se com os substratos
linguísticos
lá existentes, dando origem a vários dialetos, genericamente chamados
romanços
(do latim romanice, que significa "falar à maneira dos romanos").
Esses dialetos foram, com o tempo, modificando-se, até constituírem
novas línguas. Quando os germânicos, e posteriormente os árabes,
invadiram a Península, a língua sofreu algumas modificações, porém o
idioma falado
pelos invasores nunca conseguiu se estabelecer totalmente.
Somente no século XI, quando os
cristãos expulsaram os árabes da península, o galego-português passou a ser falado e
escrito na Lusitânia, onde também surgiram dialetos originados pelo contato do árabe
com o latim. O galego-português, derivado do romanço, era um falar
geograficamente limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais
territórios da Galiza e de Portugal. Em meados do século XIV, evidenciaram-se os falares
do sul, notadamente da região de Lisboa. Assim, as diferenças entre o galego e o
português começaram a se acentuar. A consolidação de autonomia política,
seguida da dilatação do império luso consagrou o português como língua oficial da
nação. Enquanto isso, o galego se estabeleceu como uma língua variante do espanhol, que
ainda é falada na Galícia, situada na região norte da Espanha.
As grandes navegações, a partir do século XV
d.C. ampliaram os domínios de Portugal e levaram a Língua Portuguesa às novas terras da
África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe), ilhas
próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu),
Oceania (Timor) e América (Brasil).
A Evolução da Língua Portuguesa
Destacam-se alguns períodos:
1) Fase Proto-histórica
Compreende o período anterior ao século XII, com textos escritos em
latim bárbaro (modalidade usada apenas em documentos, por esta razão também denominada
de latim tabeliônico).
2) Fase do Português Arcaico
Do século XII ao século XVI, compreendendo dois períodos distintos:
a) do século XII ao XIV, com textos em galego-português;
b) do século XIV ao XVI, com a separação entre o galego e o
português.
3) Fase do Português Moderno
Inicia-se a partir do século XVI,
quando a língua se
uniformiza, adquirindo as características do português atual. A
literatura renascentista
portuguesa, notadamente produzida por Camões, desempenhou papel
fundamental nesse
processo de uniformização. Em 1536, o padre Fernão de Oliveira publicou a
primeira gramática de Língua Portuguesa, a "Grammatica de Lingoagem
Portuguesa". Seu estilo baseava-se no conceito clássico de gramática,
entendida como "arte de falar e escrever corretamente".
acentuação gráfica
Regras de Acentuação Gráfica
Baseiam-se na constatação de que, em nossa língua, as
palavras mais numerosas são as paroxítonas, seguidas pelas oxítonas.
A maioria das paroxítonas termina em -a, -e, -o, -em, podendo ou não
ser seguidas de "s". Essas paroxítonas, por serem maioria, não
são acentuadas graficamente. Já as proparoxítonas, por serem pouco numerosas,
são sempre acentuadas.
Proparoxítonas
Sílaba tônica: antepenúltima
As proparoxítonas são todas acentuadas graficamente. Exemplos:
- trágico, patético, árvore
Paroxítonas
Sílaba tônica: penúltima
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:
l | fácil |
n | pólen |
r | cadáver |
ps | bíceps |
x | tórax |
us | vírus |
i, is | júri, lápis |
om, ons | iândom, íons |
um, uns | álbum, álbuns |
ã(s), ão(s) | órfã, órfãs, órfão, órfãos |
ditongo oral (seguido ou não de s) | jóquei, túneis |
Observações:
1) As paroxítonas terminadas em "n" são acentuadas
(hífen), mas as que terminam em "ens", não. (hifens, jovens)
2) Não são acentuados os prefixos terminados em "i "e
"r". (semi, super)
3) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s),
oa(s), eo(s), ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s),io(s).
Exemplos:
- várzea, mágoa, óleo,
régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início
Como estimular o raciocínio lógico.
Dentre os teóricos que contribuíram para o jogo se tornar uma proposta
metodológica - com base científica - para a educação matemática, destaca
as contribuições de Piaget e Vygostsky. Mesmo com algumas divergências
teóricas, estes autores defendem a participação ativa do aluno no
processo de aprendizagem. A principal questão é a que separa os
enfoques cognitivos atuais entre o desenvolvimento e a concepção de
aprendizagem. Segundo Piaget, a atividade direta do aluno sobre os
objetos do conhecimento é o que ocasiona aprendizagem - ação do sujeito
mediante o equilíbrio das estruturas cognitivas, o que sustenta a
aprendizagem é o desenvolvimento cognitivo.
A aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento. Nesta concepção de aprendizagem "... o jogo é elemento do ensino apenas como possibilitador de colocar o pensamento do sujeito como ação. O jogo é o elemento externo que irá atuar internamente no sujeito, possibilitando-o a chegar a uma nova estrutura de pensamento" (Moura, 1994, p. 20). Dependendo do papel que o jogo exerce na construção dos conceitos matemáticos, seja como material de ensino, seja como o de conhecimento feito ou se fazendo, tem as polêmicas teóricas entre os autores. Na concepção Piagetiana, o jogo assume a característica de promotor da aprendizagem da criança. Ao ser colocado diante de situações de brincadeira, a criança compreende a estrutura lógica do jogo e, conseqüentemente, a estrutura matemática presente neste jogo.
A operacionalização e análise destas idéias podem ser feitas em Kami & Declark (1994, p. 169). Segundo essas autoras, os "jogos em grupo fornecem caminhos para um jogo estruturado no qual eles [os alunos] são intrinsecamente motivados a pensar e a lembrar as combinações numéricas. Jogos em grupo permitem também que as crianças decidam qual jogo elas querem jogar, quando e com quem. Finalmente, esses jogos incentivam interação social e competição". Para Vygotsky, o jogo é visto como um conhecimento feito ou se fazendo, que se encontra impregnado do conteúdo cultural que emana da própria atividade. Seu uso requer um planejamento que permite a aprendizagem dos elementos sociais em que está inserido (conceitos matemáticos e culturais).
O jogo desempenha um papel importantíssimo na Educação Matemática. "Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança" (Kishimoto, 1994, p. 22). Através do jogo, temos a possibilidade de abrir espaço para a presença do lúdico na escola, não só como sinônimo de recreação e entretenimento. Muito mais do que um simples material instrucional, ele permite o desenvolvimento da criatividade, da iniciativa e da intuição. Enfim, do prazer, elemento indispensável para que ocorra aprendizagem significativa. Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração, atenção, raciocínio lógico-dedutivo e o senso cooperativo, desenvolvendo a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas. Os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático.
Referimo-nos àqueles que implicam conhecimentos matemáticos. Vygotsky afirmava que através do brinquedo a criança aprende a agir numa esfera cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias ações. Segundo ele, o brinquedo estimula a curiosidade e a autoconfiança, proporcionando desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. O uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que os adolescentes gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno envolvido.
Os jogos trabalhados em sala de aula devem ter regras, esses são classificados em três tipos:
1. Jogos estratégicos, onde são trabalhadas as habilidades que compõem o raciocínio lógico. Com eles, os alunos lêem as regras e buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando estratégias para isso. O fator sorte não interfere no resultado.
2. Jogos de treinamento, os quais são utilizados quando o professor percebe que alguns alunos precisam de reforço num determinado conteúdo e quer substituir as cansativas listas de exercícios. Neles, quase sempre o fator sorte exerce um papel preponderante e interfere nos resultados finais, o que pode frustrar as idéias anteriormente colocadas.
3. Jogos geométricos, que têm como objetivo desenvolver a habilidade de observação e o pensamento lógico.
Com eles conseguimos trabalhar figuras geométricas, semelhança de figuras, ângulos e polígonos. Os jogos com regras são importantes para o desenvolvimento do pensamento lógico, pois a aplicação sistemática das mesmas encaminha a deduções. São mais adequados para o desenvolvimento de habilidades de pensamento do que para o trabalho com algum conteúdo específico. As regras e os procedimentos devem ser apresentados aos jogadores antes da partida e preestabelecer os limites e possibilidades de ação de cada jogador. A responsabilidade de cumprir normas e zelar pelo seu cumprimento encoraja o desenvolvimento da iniciativa, da mente alerta e da confiança em dizer honestamente o que pensa. Os jogos estão em correspondência direta com o pensamento matemático.
Em ambos temos regras, instruções, operações, definições, deduções, desenvolvimento, utilização de normas e novos conhecimentos (resultados).
O trabalho com jogos matemáticos em sala de aula nos traz alguns benefícios:
Fonte: www.pr.senai.br
A aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento. Nesta concepção de aprendizagem "... o jogo é elemento do ensino apenas como possibilitador de colocar o pensamento do sujeito como ação. O jogo é o elemento externo que irá atuar internamente no sujeito, possibilitando-o a chegar a uma nova estrutura de pensamento" (Moura, 1994, p. 20). Dependendo do papel que o jogo exerce na construção dos conceitos matemáticos, seja como material de ensino, seja como o de conhecimento feito ou se fazendo, tem as polêmicas teóricas entre os autores. Na concepção Piagetiana, o jogo assume a característica de promotor da aprendizagem da criança. Ao ser colocado diante de situações de brincadeira, a criança compreende a estrutura lógica do jogo e, conseqüentemente, a estrutura matemática presente neste jogo.
A operacionalização e análise destas idéias podem ser feitas em Kami & Declark (1994, p. 169). Segundo essas autoras, os "jogos em grupo fornecem caminhos para um jogo estruturado no qual eles [os alunos] são intrinsecamente motivados a pensar e a lembrar as combinações numéricas. Jogos em grupo permitem também que as crianças decidam qual jogo elas querem jogar, quando e com quem. Finalmente, esses jogos incentivam interação social e competição". Para Vygotsky, o jogo é visto como um conhecimento feito ou se fazendo, que se encontra impregnado do conteúdo cultural que emana da própria atividade. Seu uso requer um planejamento que permite a aprendizagem dos elementos sociais em que está inserido (conceitos matemáticos e culturais).
O jogo desempenha um papel importantíssimo na Educação Matemática. "Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança" (Kishimoto, 1994, p. 22). Através do jogo, temos a possibilidade de abrir espaço para a presença do lúdico na escola, não só como sinônimo de recreação e entretenimento. Muito mais do que um simples material instrucional, ele permite o desenvolvimento da criatividade, da iniciativa e da intuição. Enfim, do prazer, elemento indispensável para que ocorra aprendizagem significativa. Ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração, atenção, raciocínio lógico-dedutivo e o senso cooperativo, desenvolvendo a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas. Os jogos, se convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático.
Referimo-nos àqueles que implicam conhecimentos matemáticos. Vygotsky afirmava que através do brinquedo a criança aprende a agir numa esfera cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias ações. Segundo ele, o brinquedo estimula a curiosidade e a autoconfiança, proporcionando desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. O uso de jogos e curiosidades no ensino da Matemática tem o objetivo de fazer com que os adolescentes gostem de aprender essa disciplina, mudando a rotina da classe e despertando o interesse do aluno envolvido.
Os jogos trabalhados em sala de aula devem ter regras, esses são classificados em três tipos:
1. Jogos estratégicos, onde são trabalhadas as habilidades que compõem o raciocínio lógico. Com eles, os alunos lêem as regras e buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando estratégias para isso. O fator sorte não interfere no resultado.
2. Jogos de treinamento, os quais são utilizados quando o professor percebe que alguns alunos precisam de reforço num determinado conteúdo e quer substituir as cansativas listas de exercícios. Neles, quase sempre o fator sorte exerce um papel preponderante e interfere nos resultados finais, o que pode frustrar as idéias anteriormente colocadas.
3. Jogos geométricos, que têm como objetivo desenvolver a habilidade de observação e o pensamento lógico.
Com eles conseguimos trabalhar figuras geométricas, semelhança de figuras, ângulos e polígonos. Os jogos com regras são importantes para o desenvolvimento do pensamento lógico, pois a aplicação sistemática das mesmas encaminha a deduções. São mais adequados para o desenvolvimento de habilidades de pensamento do que para o trabalho com algum conteúdo específico. As regras e os procedimentos devem ser apresentados aos jogadores antes da partida e preestabelecer os limites e possibilidades de ação de cada jogador. A responsabilidade de cumprir normas e zelar pelo seu cumprimento encoraja o desenvolvimento da iniciativa, da mente alerta e da confiança em dizer honestamente o que pensa. Os jogos estão em correspondência direta com o pensamento matemático.
Em ambos temos regras, instruções, operações, definições, deduções, desenvolvimento, utilização de normas e novos conhecimentos (resultados).
O trabalho com jogos matemáticos em sala de aula nos traz alguns benefícios:
- conseguimos detectar os alunos que estão com dificuldades reais
- o aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado
- existe uma competição entre os jogadores e os adversários, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites
- durante o desenrolar de um jogo, observamos que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor
- não existe o medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta
- o aluno se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber.
- não tornar o jogo algo obrigatório
- escolher jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença aquele que descobrir as melhores estratégias
- utilizar atividades que envolvam dois ou mais alunos, para oportunizar a interação social
- estabelecer regras, que podem ou não ser modificadas no decorrer de uma rodada
- trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la
- estudar o jogo antes de aplicá-lo (o que só é possível, jogando).
Fonte: www.pr.senai.br
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
EntreLetras: Felicidade, de Içami Tiba
EntreLetras: Felicidade, de Içami Tiba: Os pais podem dar alegria e satisfação para um filho, mas não há como lhe dar felicidade. Os pais podem alivi...
Escola da Ponte: Verdades da Profissão de Professor
Escola da Ponte: Verdades da Profissão de Professor: Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos ...
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Luiz Henrique Gurgel
Estamos em pleno século 21 e um fenômeno literário típico dos salões aristocráticos do século 19 está se repetindo, de maneira transfigurada, em bairros populares e periféricos de grandes cidades brasileiras. É o antigo sarau. Se até meados do século passado a poesia era vista como arte da elite, agora falar ou escrever versos, construir rimas e deixar fluir o “eu lírico” tornou-se algo bem mais popular. O uso da palavra e a criação poética foram democratizados. “Literatura pode ser feita em qualquer lugar”, diz Sérgio Vaz, poeta e um dos criadores da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia), entidade que agitou a vida de comunidades que vivem nos extremos da Zona Sul da capital paulista. A televisão, com suas novelas, séries, programas de auditório ou jogos de futebol, deixou de ser a única opção de cultura e lazer dessas regiões.
Botequim na periferia de São Paulo é o ponto de encontro onde dezenas de pessoas reúnem-se semanalmente para ler e ouvir poesia.
A estimativa é que só em São Paulo e cidades vizinhas existam mais de quarenta encontros desse tipo. A maioria surgiu nos últimos cinco anos. Na Ponta do Lápis foi conhecer alguns desses saraus. Descobrimos professores de escolas públicas, de língua portuguesa e de outras disciplinas, que participam dos encontros, levam seus alunos ou realizam o caminho inverso e criam o sarau dentro da escola, transformando- o em estratégia eficiente de trabalho para o estímulo à leitura, à escrita, além de servir de atalho para a literatura.
■ Sarau da Cooperifa
Um botequim típico de bairro. Bebidas alcoólicas atrás do balcão e, sobre ele, uma estufa com pastéis e coxinhas. A primeira surpresa está numa parede lateral, onde fica uma estante forrada de livros. Jorge Amado, Machado de Assis, Ernest Hemingway, entre outros, ao lado de Sidney Sheldon e Paulo Coelho; muitos livros infantis e de poesia, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, além de autores do próprio bairro. A outra surpresa é que ali no Bar do Zé Batidão, região do Jardim São Luís, periferia de São Paulo, funciona ininterruptamente, desde outubro de 2001, o Sarau da Cooperifa, um dos mais conhecidos da cidade. Ficou tão famoso que já recebeu atores, cineastas, jornalistas e vários autores. Até o escritor moçambicano Mia Couto, um dos principais nomes contemporâneos da literatura de língua portuguesa, foi conhecer o evento. Nem por isso o sarau perdeu suas características. Operários, pedreiros, office-boys, empregadas domésticas, donas de casa, aposentados, cantores de rap, estudantes e professores continuam se apresentando e lendo suas criações, textos de amigos e poesia de autores clássicos.
Fábio gosta de frequentar esse tipo de sarau, que, segundo ele, promove o direito à literatura. “Durante muito tempo as pessoas acharam que literatura era algo a que não se tinha direito, cuja compreensão e cuja fruição eram restritas a poucos. Representa a democratização da palavra: ler o que quiser, quando quiser; também escrever o que quiser, recitar o que quiser, onde bem entender!” A atividade proporciona para seus alunos outro tipo de contato com a literatura: “[Temos] leituras de diferentes gêneros – peça teatral, romance, poesia, conto, crônica – em espaços diversificados: salas de aula, bibliotecas, estacionamentos, ruas, escadão, pracinhas, e com o propósito do entretenimento – sem resenhas, perguntas, provas. O sarau, nesse contexto, representa uma possibilidade real de envolvimento com literatura”.
O movimento começa pouco antes das 19 horas, toda quarta-feira. Mesas de plástico são dispostas no salão do bar e um pedestal com microfone é instalado. Enquanto aguardam, jovens, aposentados e casais com filhos experimentam um “escondidinho”, prato nordestino com carne-seca, apropriado para uma noite fria. A equipe da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro chega ao sarau exatamente no momento da arrumação para o evento e encontra os participantes no aquecimento. O aposentado Jorge Esteves é um deles. Concentrado em uma das mesas, lê em voz baixa o poema que iria apresentar dali a pouco. O bar foi se enchendo e não sobraram lugares para se sentar. Sérgio Vaz abre o evento, saúda a plateia e já oferece o microfone para quem quiser ler ou recitar versos. Nas próximas duas horas, sem intervalo, um a um, uma a uma, gente vai se sucedendo na apresentação dos poemas.
O encontro mescla famílias, crianças, jovens, adolescentes e idosos. “Temos hoje, contra nós, a garoa, a novela, mas o que importa é a literatura”, vibra Sérgio Vaz, agitando o público. Seu Jorge é um dos primeiros a ir para o microfone. O jeito de declamar lembra Patativa do Assaré. Lê o seu poema “Carta fora do baralho”, relatando sua história de vida e a sina de aposentado. Jovens também se revezam, leem poemas ou improvisam versos de um rap. Falam da condição social e apresentam a visão de mundo própria de quem vive na periferia. Jéssica Lazzare, 17 anos, pensa em cursar letras. Começou a frequentar o sarau com 12 anos, acompanhando a mãe, que trabalhava no bar. Pegou gosto ouvindo os poemas, veio a vontade de escrever. Apresentou nesse dia uma paródia, costurando trechos do Hino Nacional com críticas à realidade dos jovens no país. “Sempre falo da periferia e me inspiro em coisas que vejo acontecer.”
No sarau também ocorre lançamento de livro e o organizador é o professor de língua portuguesa Fábio Barreto, que participa da Olimpíada. Ele trouxe seus alunos do 9º ano da Escola Estadual Francisco de Paula Conceição Júnior, do bairro de Campo Limpo, para vivenciar um momento único na vida deles: vinham lançar Racismo é o Ó... Unidos contra o preconceito racial, livro escrito por eles mesmos, num projeto coordenado por Fábio. “Queria fazer a publicação circular e o sarau era uma boa oportunidade”, explica. Inspirado na metodologia da Olimpíada, o professor criou uma sequência didática cujo tema era a discriminação racial. Ele trabalhou com poemas, crônicas e contos, além de promover debates com os alunos sobre a questão. No final, o trabalho rendeu um livro com os textos produzidos pelos estudantes.
■ Uma roda de poesia no Grajaú
Não muito longe dali, na Casa de Cultura Palhaço Carequinha, no Jardim Grajaú, também na Zona Sul de São Paulo, Maria Vilani, professora da Escola Estadual Adelaide Rosa Ferreira, promove não apenas saraus, nos sábados à noite, mas também cafés filosóficos, encontros abertos com debates livres, que discutem temas como “A religião no contexto da periferia”, “Drogas: uma reflexão”, entre outros. Já o sarau, que funciona há dois anos, se chama Roda de Poesia. Os livros ficam no centro de um círculo formado pelos participantes e qualquer pessoa pode pegar, escolher um poema e ler para as outras, sentada, em pé, interpretando ou cantando na forma de um rap. Vale qualquer tema, e nem só de amor ou problemas sociais vive a poesia da periferia. Claro que a vida complicada, a violência, os preconceitos estão sempre presentes. Mas até de temas não tão poéticos como o videogame podem surgir versos. “A gente faz poesia por poesia”, conta Clayton Cavalcante Gomes, filho de Maria Vilani e também professor de língua portuguesa de escolas públicas, que apresentou de cor o poema “Desencanto”, de Manuel Bandeira. “Quando a gente ia imaginar que num sábado à noite as pessoas viriam se reunir para ouvir e falar poesia?”, indaga. A pergunta faz sentido, pois a maioria dos frequentadores é de jovens de 16 a 22 anos. Ainda mais porque numa sala ao lado do sarau havia um curso de dança e seu convidativo baile era embalado por música pop e eletrônica. Mas isso não foi capaz de desviar a atenção de aproximadamente trinta pessoas, que ficaram até as 22 horas lendo e ouvindo poesia.
E autores, do próprio bairro ou de outras regiões da cidade, que lançaram seus livros de forma independente ou por pequenas editoras, aparecem para as leituras. O professor Adenildo Lima é um dos mais assíduos frequentadores e também o organizador das leituras na Roda de Poesia. Ele criou a Editora da Gente para lançar seus trabalhos e de outros autores da periferia. Outro ativo integrante é o rapper Márcio Ricardo, do grupo Semblantes, que bolou outra estratégia para divulgar seus poemas. Ele lançou o livro Felicidade brasileira na escola em que estudou e em outras da região, com direito a show de rap. Márcio, de 22 anos, conta que foi por causa do ritmo – gênero musical preferido entre jovens da periferia – que começou a escrever. Ele mostrava suas letras para a professora Vilani, recebia dicas e o incentivo para continuar a escrever e ler outros autores. Foi assim também que chegou à poesia de Vinicius de Moraes e de Cecília Meireles. Atualmente, ele e o grupo percorrem escolas da região oferecendo gratuitamente oficinas de poesia e de rap. “A gente mostra que também é da periferia e que faz poesia. Eu olho para os alunos e vejo a vontade que eles têm de mostrar um lado literário”, conta.
■ Sarau dentro da escola: um por todos e todos por um
O Sarau dos Mesquiteiros começou com o trabalho de um professor com seus alunos. Virou atividade aberta para toda a comunidade do bairro.
Mas alguns saraus e grupos literários surgem na própria escola, fruto
do trabalho de professores. É o caso dos Mesquiteiros, nome do coletivo
artístico e cultural criado em 2009 e formado por jovens e adolescentes
de Ermelino Matarazzo, bairro da Zona Leste de São Paulo. O nome faz
referência à Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita, espaço em
que o grupo se formou e onde até hoje realiza um sarau aberto para a
comunidade todo último sábado do mês.
Foi a partir do projeto “Literatura (é) possível”, trabalho desenvolvido na escola desde 2006, pelo professor de história Rodrigo Ciríaco, que o projeto e o grupo deslancharam. Trata-se de um trabalho “artístico e pedagógico”, explica o professor em seu blog (http://efeito- -colateral.blogspot.com.br), e “tem como finalidade a valorização da leitura, da escrita e da criação através da literatura, principalmente a chamada ‘literatura periférica’”. Mas o projeto é mais abrangente e utiliza-se de outras linguagens, como o teatro, a música, a fotografia, o cinema, entre outras. A proposta dos jovens mesquiteiros é ousada. No blog do grupo (http://mesquiteiros. blogspot.com.br) afirmam ter por objetivo “incentivar, difundir, promover e problematizar a cultura da periferia a partir da Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita para a sua comunidade”. Para isso, realizam oficinas de literatura e teatro, encontros com escritores, produção de espetáculos lítero-teatrais, saraus, além do desenvolvimento do selo editorial Um por Todos, que edita, produz e divulga a criação de seus integrantes e colaboradores.
O comum em todos esses projetos e entre seus protagonistas é a vontade e a necessidade de expressão e a consciência de que a língua também é um patrimônio da periferia, superando todos os preconceitos. São iniciativas espontâneas que estimularam a si mesmas, gerando um movimento. Mas também é possível entender tudo isso de forma mais simples e direta, como explica Sérgio Vaz: “A gente faz porque dá prazer”.
Revista Na Ponta do Lápis
Ano IX
Número 22
Agosto de 2013
Saiba mais:
• Veja também a entrevista com o poeta Sérgio Vaz que há 12 anos promove saraus na periferia de São Paulo.
• Assista ao vídeo Jogo de ideias, produzido pelo Itaú Cultural em 2008.
Um fenômeno cultural está tomando
conta das periferias de cidades brasileiras: os saraus. Nesses
encontros, livres de qualquer afetação, é possível ler o que quiser,
quando quiser e como quiser. Na Ponta do Lápis
conheceu três deles que existem há alguns anos em bairros da cidade de
São Paulo. Veja por que atraem cada vez mais gente – principalmente
professores e estudantes – para ler, ouvir e falar sobre versos.
Luiz Henrique Gurgel
Estamos em pleno século 21 e um fenômeno literário típico dos salões aristocráticos do século 19 está se repetindo, de maneira transfigurada, em bairros populares e periféricos de grandes cidades brasileiras. É o antigo sarau. Se até meados do século passado a poesia era vista como arte da elite, agora falar ou escrever versos, construir rimas e deixar fluir o “eu lírico” tornou-se algo bem mais popular. O uso da palavra e a criação poética foram democratizados. “Literatura pode ser feita em qualquer lugar”, diz Sérgio Vaz, poeta e um dos criadores da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia), entidade que agitou a vida de comunidades que vivem nos extremos da Zona Sul da capital paulista. A televisão, com suas novelas, séries, programas de auditório ou jogos de futebol, deixou de ser a única opção de cultura e lazer dessas regiões.
Botequim na periferia de São Paulo é o ponto de encontro onde dezenas de pessoas reúnem-se semanalmente para ler e ouvir poesia.
A estimativa é que só em São Paulo e cidades vizinhas existam mais de quarenta encontros desse tipo. A maioria surgiu nos últimos cinco anos. Na Ponta do Lápis foi conhecer alguns desses saraus. Descobrimos professores de escolas públicas, de língua portuguesa e de outras disciplinas, que participam dos encontros, levam seus alunos ou realizam o caminho inverso e criam o sarau dentro da escola, transformando- o em estratégia eficiente de trabalho para o estímulo à leitura, à escrita, além de servir de atalho para a literatura.
■ Sarau da Cooperifa
Um botequim típico de bairro. Bebidas alcoólicas atrás do balcão e, sobre ele, uma estufa com pastéis e coxinhas. A primeira surpresa está numa parede lateral, onde fica uma estante forrada de livros. Jorge Amado, Machado de Assis, Ernest Hemingway, entre outros, ao lado de Sidney Sheldon e Paulo Coelho; muitos livros infantis e de poesia, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, além de autores do próprio bairro. A outra surpresa é que ali no Bar do Zé Batidão, região do Jardim São Luís, periferia de São Paulo, funciona ininterruptamente, desde outubro de 2001, o Sarau da Cooperifa, um dos mais conhecidos da cidade. Ficou tão famoso que já recebeu atores, cineastas, jornalistas e vários autores. Até o escritor moçambicano Mia Couto, um dos principais nomes contemporâneos da literatura de língua portuguesa, foi conhecer o evento. Nem por isso o sarau perdeu suas características. Operários, pedreiros, office-boys, empregadas domésticas, donas de casa, aposentados, cantores de rap, estudantes e professores continuam se apresentando e lendo suas criações, textos de amigos e poesia de autores clássicos.
Fábio gosta de frequentar esse tipo de sarau, que, segundo ele, promove o direito à literatura. “Durante muito tempo as pessoas acharam que literatura era algo a que não se tinha direito, cuja compreensão e cuja fruição eram restritas a poucos. Representa a democratização da palavra: ler o que quiser, quando quiser; também escrever o que quiser, recitar o que quiser, onde bem entender!” A atividade proporciona para seus alunos outro tipo de contato com a literatura: “[Temos] leituras de diferentes gêneros – peça teatral, romance, poesia, conto, crônica – em espaços diversificados: salas de aula, bibliotecas, estacionamentos, ruas, escadão, pracinhas, e com o propósito do entretenimento – sem resenhas, perguntas, provas. O sarau, nesse contexto, representa uma possibilidade real de envolvimento com literatura”.
O movimento começa pouco antes das 19 horas, toda quarta-feira. Mesas de plástico são dispostas no salão do bar e um pedestal com microfone é instalado. Enquanto aguardam, jovens, aposentados e casais com filhos experimentam um “escondidinho”, prato nordestino com carne-seca, apropriado para uma noite fria. A equipe da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro chega ao sarau exatamente no momento da arrumação para o evento e encontra os participantes no aquecimento. O aposentado Jorge Esteves é um deles. Concentrado em uma das mesas, lê em voz baixa o poema que iria apresentar dali a pouco. O bar foi se enchendo e não sobraram lugares para se sentar. Sérgio Vaz abre o evento, saúda a plateia e já oferece o microfone para quem quiser ler ou recitar versos. Nas próximas duas horas, sem intervalo, um a um, uma a uma, gente vai se sucedendo na apresentação dos poemas.
O encontro mescla famílias, crianças, jovens, adolescentes e idosos. “Temos hoje, contra nós, a garoa, a novela, mas o que importa é a literatura”, vibra Sérgio Vaz, agitando o público. Seu Jorge é um dos primeiros a ir para o microfone. O jeito de declamar lembra Patativa do Assaré. Lê o seu poema “Carta fora do baralho”, relatando sua história de vida e a sina de aposentado. Jovens também se revezam, leem poemas ou improvisam versos de um rap. Falam da condição social e apresentam a visão de mundo própria de quem vive na periferia. Jéssica Lazzare, 17 anos, pensa em cursar letras. Começou a frequentar o sarau com 12 anos, acompanhando a mãe, que trabalhava no bar. Pegou gosto ouvindo os poemas, veio a vontade de escrever. Apresentou nesse dia uma paródia, costurando trechos do Hino Nacional com críticas à realidade dos jovens no país. “Sempre falo da periferia e me inspiro em coisas que vejo acontecer.”
No sarau também ocorre lançamento de livro e o organizador é o professor de língua portuguesa Fábio Barreto, que participa da Olimpíada. Ele trouxe seus alunos do 9º ano da Escola Estadual Francisco de Paula Conceição Júnior, do bairro de Campo Limpo, para vivenciar um momento único na vida deles: vinham lançar Racismo é o Ó... Unidos contra o preconceito racial, livro escrito por eles mesmos, num projeto coordenado por Fábio. “Queria fazer a publicação circular e o sarau era uma boa oportunidade”, explica. Inspirado na metodologia da Olimpíada, o professor criou uma sequência didática cujo tema era a discriminação racial. Ele trabalhou com poemas, crônicas e contos, além de promover debates com os alunos sobre a questão. No final, o trabalho rendeu um livro com os textos produzidos pelos estudantes.
■ Uma roda de poesia no Grajaú
Não muito longe dali, na Casa de Cultura Palhaço Carequinha, no Jardim Grajaú, também na Zona Sul de São Paulo, Maria Vilani, professora da Escola Estadual Adelaide Rosa Ferreira, promove não apenas saraus, nos sábados à noite, mas também cafés filosóficos, encontros abertos com debates livres, que discutem temas como “A religião no contexto da periferia”, “Drogas: uma reflexão”, entre outros. Já o sarau, que funciona há dois anos, se chama Roda de Poesia. Os livros ficam no centro de um círculo formado pelos participantes e qualquer pessoa pode pegar, escolher um poema e ler para as outras, sentada, em pé, interpretando ou cantando na forma de um rap. Vale qualquer tema, e nem só de amor ou problemas sociais vive a poesia da periferia. Claro que a vida complicada, a violência, os preconceitos estão sempre presentes. Mas até de temas não tão poéticos como o videogame podem surgir versos. “A gente faz poesia por poesia”, conta Clayton Cavalcante Gomes, filho de Maria Vilani e também professor de língua portuguesa de escolas públicas, que apresentou de cor o poema “Desencanto”, de Manuel Bandeira. “Quando a gente ia imaginar que num sábado à noite as pessoas viriam se reunir para ouvir e falar poesia?”, indaga. A pergunta faz sentido, pois a maioria dos frequentadores é de jovens de 16 a 22 anos. Ainda mais porque numa sala ao lado do sarau havia um curso de dança e seu convidativo baile era embalado por música pop e eletrônica. Mas isso não foi capaz de desviar a atenção de aproximadamente trinta pessoas, que ficaram até as 22 horas lendo e ouvindo poesia.
E autores, do próprio bairro ou de outras regiões da cidade, que lançaram seus livros de forma independente ou por pequenas editoras, aparecem para as leituras. O professor Adenildo Lima é um dos mais assíduos frequentadores e também o organizador das leituras na Roda de Poesia. Ele criou a Editora da Gente para lançar seus trabalhos e de outros autores da periferia. Outro ativo integrante é o rapper Márcio Ricardo, do grupo Semblantes, que bolou outra estratégia para divulgar seus poemas. Ele lançou o livro Felicidade brasileira na escola em que estudou e em outras da região, com direito a show de rap. Márcio, de 22 anos, conta que foi por causa do ritmo – gênero musical preferido entre jovens da periferia – que começou a escrever. Ele mostrava suas letras para a professora Vilani, recebia dicas e o incentivo para continuar a escrever e ler outros autores. Foi assim também que chegou à poesia de Vinicius de Moraes e de Cecília Meireles. Atualmente, ele e o grupo percorrem escolas da região oferecendo gratuitamente oficinas de poesia e de rap. “A gente mostra que também é da periferia e que faz poesia. Eu olho para os alunos e vejo a vontade que eles têm de mostrar um lado literário”, conta.
■ Sarau dentro da escola: um por todos e todos por um
O Sarau dos Mesquiteiros começou com o trabalho de um professor com seus alunos. Virou atividade aberta para toda a comunidade do bairro.
Foi a partir do projeto “Literatura (é) possível”, trabalho desenvolvido na escola desde 2006, pelo professor de história Rodrigo Ciríaco, que o projeto e o grupo deslancharam. Trata-se de um trabalho “artístico e pedagógico”, explica o professor em seu blog (http://efeito- -colateral.blogspot.com.br), e “tem como finalidade a valorização da leitura, da escrita e da criação através da literatura, principalmente a chamada ‘literatura periférica’”. Mas o projeto é mais abrangente e utiliza-se de outras linguagens, como o teatro, a música, a fotografia, o cinema, entre outras. A proposta dos jovens mesquiteiros é ousada. No blog do grupo (http://mesquiteiros. blogspot.com.br) afirmam ter por objetivo “incentivar, difundir, promover e problematizar a cultura da periferia a partir da Escola Estadual Jornalista Francisco Mesquita para a sua comunidade”. Para isso, realizam oficinas de literatura e teatro, encontros com escritores, produção de espetáculos lítero-teatrais, saraus, além do desenvolvimento do selo editorial Um por Todos, que edita, produz e divulga a criação de seus integrantes e colaboradores.
O comum em todos esses projetos e entre seus protagonistas é a vontade e a necessidade de expressão e a consciência de que a língua também é um patrimônio da periferia, superando todos os preconceitos. São iniciativas espontâneas que estimularam a si mesmas, gerando um movimento. Mas também é possível entender tudo isso de forma mais simples e direta, como explica Sérgio Vaz: “A gente faz porque dá prazer”.
Revista Na Ponta do Lápis
Ano IX
Número 22
Agosto de 2013
Saiba mais:
• Veja também a entrevista com o poeta Sérgio Vaz que há 12 anos promove saraus na periferia de São Paulo.
• Assista ao vídeo Jogo de ideias, produzido pelo Itaú Cultural em 2008.
Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro
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htCaros colegas encontrei esse site muito útil, vale a pena conferir" tp s://adonisdutra.com.br/simulados-de-portugues-7ano/
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Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/literatura-escola-6o-ano-narrativa-graciliano-ramos-54...
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O monstro que morava embaixo da cama de T. Meroso Quando eu tinha 7 anos de idade, meu pai vivia pegando no meu pé para arrumar o ...